domingo, 24 de agosto de 2014

Brevemente...

Entrevista com... Victor Gonçalves (Ator)

Mário Lisboa entrevista... Rita Santana

Desde muito cedo que se interessou pela representação, tendo sido formada na Escola Profissional de Teatro de Cascais, e tem desenvolvido um percurso como atriz que passa, essencialmente, pelo teatro. É cofundadora da Umbigo-Companhia de Teatro, onde esteve até 2013, e, recentemente, participou na curta-metragem "Praxe Acidentada" que é um projeto académico realizado a partir de um guião da autoria do realizador Jorge Paixão da Costa. Esta entrevista foi feita no dia 23 de Abril de 2013.

M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
R.S: Desde pequenina que gostava de ir ao teatro e sonhava estar ali em palco. Ao longo do meu percurso escolar, sempre fiz parte do grupo de teatro, grupo coral, grupo de dança e fui alimentando esta paixão. Quando concluí o 9ºano, já sabia muito bem o que queria, por isso fui para a Escola Profissional de Teatro de Cascais.

M.L: Quais são as suas influências, enquanto atriz?
R.S: Tudo o que existe no Mundo. Estudamos, principalmente, as pessoas, mas os animais e a Natureza ensinam-nos muita coisa.

M.L: Faz, essencialmente, teatro. Gostava de trabalhar mais no audiovisual (Cinema e Televisão)?
R.S: Eu gosto de representar, seja no teatro, no cinema ou na televisão. Até agora tenho feito mais teatro, mas estou sempre disponível para novos desafios.

M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, até agora, enquanto atriz?
R.S: Todos foram marcantes, por vários motivos. Os que fiz no meu curso foram marcantes, porque foram os primeiros, porque estava a aprender e a absorver tudo. Hoje em dia são marcantes, porque são os primeiros passos no mundo profissional, tenho experimentado várias coisas, trabalhado com várias pessoas... Tudo fica marcado e ajuda na nossa evolução.

M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
R.S: De momento não tenho isso em vista, gosto do nosso País, da nossa Língua e temos de ajudar a nossa Cultura. 

M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até agora, como atriz?
R.S: Ainda estou a começar, ainda tenho muito que trabalhar e aprender, mas esforço-me e dou o meu melhor todos os dias.ML

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Mário Lisboa entrevista... Mónica Garnel

Neta da falecida atriz Mariana Rey Monteiro, desde muito cedo que se interessou pela representação, apesar de ter decidido enveredar por essa área, quando tinha 17 anos, e tem desenvolvido um percurso como atriz que passa, essencialmente, pelo teatro, e, atualmente, protagoniza o monólogo "A Acompanhante" de Cecília Ferreira e encenado pelo diretor artístico do Teatro Experimental do Porto, Gonçalo Amorim, na qual vai voltar a estar em cena no Teatro Aberto entre os dias 10 de Setembro e 12 de Outubro. Esta entrevista foi feita no passado dia 2 de Agosto.

M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
M.G: Não sei se existe um momento exato, cresci num meio familiar artístico onde o teatro esteve sempre naturalmente presente. Mas a minha decisão de seguir teatro profissionalmente, essa sim, lembro-me perfeitamente da tarde em que tomei essa decisão. Eu estava sentada no estirador a fazer um trabalho do meu curso de design de mobiliário e por momentos parei  e pensei: “Eu gosto muito de desenhar, mas não é isto que eu quero fazer a minha vida inteira, eu quero é ser atriz.”. Tinha 17 anos.
                               
M.L: Quais são as suas influências, enquanto atriz?
M.G: Todos os trabalhos que fiz e todas as pessoas com quem trabalhei, assim como todos os atores e espetáculos que vi, de alguma forma me influenciaram, levaram-me a fazer escolhas e a tomar opções do caminho que realmente enquanto atriz queria seguir. Mas sem dúvida que tenho três grandes influências. A minha avó Mariana Rey Monteiro, com quem tantas conversas e aulas particulares tive. O João Mota, pela sua intensidade e paixão enquanto pedagogo e diretor de atores. A Mónica Calle pela sua boa violência, inteligência e generosidade com que sempre me tirou da minha zona de conforto e me fez crescer.

M.L: Faz, essencialmente, teatro. Gostava de trabalhar mais no audiovisual (Cinema e Televisão)?
M.G: O que eu gosto é de ser atriz. 

M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, até agora, durante o seu percurso como atriz?
M.G: O espetáculo “Um Dia Virá” a partir de “À Espera de Godot” de Samuel Beckett e com encenação de Mónica Calle. “As Três Irmãs” de (Anton) Tchekhov, também da Calle. E talvez “A Acompanhante” venha a fazer parte desta lista.

M.L: É neta da atriz Mariana Rey Monteiro que faleceu em 2010. Como vê o percurso que a sua avó desenvolveu até falecer?
M.G: Penso que teve uma vida incrivelmente fascinante e ultra dedicada ao trabalho de atriz e à vida no teatro. Sempre me falou da sua profissão com muita paixão e orgulho e com mil histórias para contar. E quando decidiu que já chegava, que não mais iria pisar um palco, fê-lo com muita tranquilidade e paz.

M.L: Atualmente, protagoniza o monólogo “A Acompanhante” de Cecília Ferreira e encenado pelo diretor artístico do Teatro Experimental do Porto, Gonçalo Amorim, na qual vai voltar a estar em cena no Teatro Aberto entre os dias 10 de Setembro e 12 de Outubro. Que balanço faz da sua participação neste monólogo até agora?
M.G: Ocorre-me uma palavra, Tremendo. E não estou a falar de tremer de frio ou medo, é mesmo de colossal, físico e emocional.

M.L: Como é que surgiu o convite para protagonizar “A Acompanhante”?
M.G: Já não é a primeira vez que o Gonçalo Amorim me convida para um dos seus projetos, este felizmente foi mais um grande desafio.

M.L: “A Acompanhante” retrata a solidão em redor de Luzia, uma enfermeira que acompanha os seus doentes na morte e inventa-lhes vidas que guarda para si. Tem sido esgotante para si interpretar esta personagem no que diz respeito à solidão?
M.G: De alguma maneira, sim, é. Não deixo de estar sozinha em cena durante 1h30m a falar de solidão, abandono e morte.

M.L: Qual conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na representação?
M.G: Persistência.

M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até agora, como atriz?
M.G: O meu percurso até agora deixa-me muito feliz na medida em que a dor também tem sido inerente a todas as minhas escolhas. O meu percurso é a minha Vida, não consigo dissociar uma coisa da outra. 

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
M.G: O espetáculo “Mauser” a partir de Heiner Müller, que inaugurará o novo espaço da Casa Conveniente em Chelas na Zona J, com encenação da Mónica Calle.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda nesta altura da sua vida?
M.G: Dar saltos gigantes no ar. Ou voar.ML

sábado, 2 de agosto de 2014

"Gisberta" no Cinema São Jorge até 24 de Agosto

O "Mário Lisboa entrevista..." têm o prazer de apoiar "Gisberta", um monólogo escrito e encenado por Eduardo Gaspar e protagonizado por Rita Ribeiro que foi, recentemente, nomeada ao Globo de Ouro de Melhor Atriz de Teatro pela sua interpretação neste monólogo.

Baseado na história verídica do hediondo assassinato da transexual Gisberta no Porto em 2006, "Gisberta" estreou em 2013 no Teatro Rápido com uma primeira versão de 15 minutos, mas devido ao grande sucesso e ao feedback positivo do público, foi dado seguimento ao monólogo com uma versão de uma hora.

A versão de uma hora de "Gisberta" estreou no dia 3 de Outubro de 2013 no Teatro Municipal Baltazar Dias no Funchal (Madeira) e depois passou por São Miguel (Açores), Portimão, Santarém, Porto, Montijo e está, atualmente, em cena no Cinema São Jorge em Lisboa até ao próximo dia 24 de Agosto.

Em "Gisberta", Rita Ribeiro interpreta a mãe da personagem-título, que vai relatando a um jornalista factos da vida do “seu menino”, desde a infância até ao momento em que parte do Brasil em busca do seu direito de ser vista e respeitada como mulher. Esta mãe fala da sua dificuldade em aceitar as diferenças, e das várias tentativas de dissuadir o filho, ainda na infância, a não seguir um caminho por ela, e por muitos, considerado “anti-natura”.

https://www.youtube.com/watch?v=jrxzgQjtgko

Mário Lisboa

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Mário Lisboa entrevista... Denise Del Vecchio

Interessou-se pela representação, quando era muito nova, ao ver a peça "Morte e Vida Severina", tornando-se numa das mais respeitadas e acarinhadas atrizes do panorama artístico brasileiro, com um percurso que passa, essencialmente, pelo teatro e pela televisão (onde entrou em produções como "Top Model" (TV Globo), "A Viagem" (TV Globo), "Força de um Desejo" (TV Globo), "Esperança" (TV Globo), "Chocolate com Pimenta" (TV Globo), "Como uma Onda" (TV Globo), "JK" (TV Globo), "Bicho do Mato" (TV Record), "Amor e Intrigas" (TV Record), "Bela, a Feia" (TV Record), "Vidas em Jogo" (TV Record) e "José do Egito" (TV Record). Recentemente, participou na telenovela "Pecado Mortal" que esteve em exibição na TV Record, e, atualmente, participa na peça "Trágica.3" que é uma releitura de 3 tragédias gregas ("Antígona", "Electra" e "Medeia"), na qual é encenada pelo ator e encenador Guilherme Leme e está em cena no Centro Cultural Banco do Brasil no Rio de Janeiro até ao próximo dia 14 de Setembro. Esta entrevista foi feita no passado dia 12 de Julho.

M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
D.D.V: Venho de uma família que não tem nenhuma tradição no mundo do teatro e das artes da representação. No colégio tive a felicidade de ter um professor de geografia apaixonado por teatro. Até o nome dele era maravilhoso, Professor Gáfaudio. Esse professor tinha o hábito de levar as suas turmas para assistir espetáculos teatrais. O primeiro espetáculo que assisti foi “Morte e Vida Severina”, uma adaptação do poema de João Cabral de Melo Neto feita por Chico Buarque. Fiquei fascinada pelo que vi e passei a sonhar em estar no palco fazendo o mesmo. Depois de entrar na Universidade São Paulo para o curso de História, passei a cursar no Teatro de Arena um curso de interpretação com Augusto Boal, Cecília Thumin e Heleny Guariba. Naquele curso entendi que aquele era o meu futuro.

M.L: Quais são as suas influências, enquanto atriz?
D.D.V: A minha principal influência, foi claro, o Teatro de Arena de São Paulo que tinha direção de Augusto Boal. A partir dessa base vivo um permanente processo de aprendizagem e transformação de acordo com cada novo trabalho que surge. Nesta profissão é necessária uma constante reformulação para não nos tornarmos ultrapassados.

M.L: Faz, essencialmente, teatro e televisão. Gostava de trabalhar mais em cinema?
D.D.V: Claro, o sonho de todos os atores/atrizes é eternizar o seu trabalho na tela grande. Mas, um filme é um produto caro e no Brasil houve um longo período, depois do desmonte que aconteceu no governo Collor, em que a produção foi praticamente paralisada. Foram os meus anos de juventude. Depois da retomada do cinema nacional, eu havia perdido contacto com os novos realizadores e já não tinha idade, infelizmente para os papéis. Há bem menos oportunidades para mulheres da minha idade, infelizmente.

M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, até agora, durante o seu percurso como atriz?
D.D.V: Essa é sempre uma pergunta difícil de responder, uma vez que espero que a minha carreira tenha um carácter evolutivo. Sempre espero que seja o próximo.

Mesmo assim, não posso deixar de reconhecer a importância por exemplo do papel de Eunice Paiva, no espetáculo "Feliz Ano Velho", de Alcides Nogueira, baseado no livro de Marcelo (Rubens) Paiva e com direção de Paulo Betti. Espetáculo que ficou 6 anos em cartaz e participou em inúmeros festivais, inclusive internacionais.

Na TV não me esqueço da Baronesa Bárbara Ventura, na novela "Força de um Desejo" (TV Globo) de Gilberto Braga e Alcides Nogueira.

Hoje, acho importante o meu recente trabalho em "José do Egito" (TV Record), como Lia. Uma arquetípica personagem bíblica numa produção impecável.

No teatro, hoje faço "Medeia" de Heiner Müller. Considero um dos meus melhores trabalhos.

M.L: Na televisão, tem trabalhado na TV Record nos últimos anos. Como vê a evolução do canal, no que diz respeito à ficção, nestes últimos anos?
D.D.V: Estou contratada na TV Record há quase 8 anos. Fiz 5 novelas, 1 minissérie, além de especiais. Não parei. Vejo com profundo respeito o empenho e o esforço da emissora em lutar por essa fatia da produção e do público, que durante tantos anos foi monopólio de uma só emissora. Existe uma busca permanente por maior qualidade técnica e artística, haja vista a qualidade das suas mais recentes produções.

M.L: Em 1991, interpretou a poetisa portuguesa Florbela Espanca na peça “Florbela” de Alcides Nogueira. Que recordações guarda desse trabalho?
D.D.V: A nossa montagem de “Florbela” foi quase uma apresentação da poetisa ao grande público no Brasil. Ela era bastante desconhecida. Foi impressionante testemunhar a força das suas palavras. Para mim foi o momento em que me aproximei afetivamente da força da Língua Portuguesa. Até então não me tinha dado conta da riqueza da Língua que falava desde o nascimento. A Florbela revelou-me essa beleza. Certamente por tê-la expressado no palco.

M.L: Como vê, atualmente, o teatro e o audiovisual (Cinema e Televisão) no Brasil?
D.D.V: Um país do tamanho do Brasil ainda tem diversas realidades. A maior parte da produção profissional, ainda se concentra na região sudeste e sul.

No teatro sofremos com a falta de formação de público, que deveria ser feita na escola. Nenhum governo ainda se deu conta da importância do teatro na formação do indivíduo e na melhora do tecido social. Hoje temos uma produção bastante diferenciada, mas o grande público concentra-se nos grandes musicais, vários já nacionais, e no que se costuma chamar de stand-up comedy. Por outro lado um grande número de grupos novos tem surgido com trabalhos de pesquisa.

Temos uma nova lei do audiovisual, que obriga os canais de TV, inclusive os pagos, uma percentagem de produção nacional, o que vem fazendo surgir uma série de pequenas novas produtoras de cinema e TV. É uma esperança.

M.L: Gostava de ter feito uma carreira internacional?
D.D.V: Talvez sim, mas isso nunca foi um propósito. "Minha Pátria é minha Língua.”. Gosto de falar para minha gente. Talvez, se tivesse feito uma carreira internacional, descobrisse que "minha gente" é "toda gente". Mas quando se fala em carreira internacional, basicamente estamos falando dos EUA. Só trabalhando lá alguém consegue atingir o Mundo todo. Com certeza gostaria sim de ter trabalhado mais em Portugal.

M.L: Como lida com o público que acompanha sua carreira há vários anos?
D.D.V: Ainda me surpreendo, quando sou abordada no dia-a-dia, por pessoas que me reconhecem e admiram o meu trabalho. Acho incrível alguém sair de casa para ver o meu trabalho no teatro, e isso acontece... Isso me deixa muito feliz. Agora, como já disse, estou fazendo "Medeia" e fico gratamente surpresa ao encontrar na plateia uma grande quantidade de jovens interessados na tragédia e em discutir comigo após o espetáculo. Gosto de conversar com as pessoas. Saber a opinião delas, procurar entender as suas aspirações e a partir disso buscar o meu próximo trabalho.

M.L: Qual conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na representação?
D.D.V: Primeiro diria... fuja... Se não for impossível, estude. Procure aprender com aqueles que mais admira. Assista a todos os espetáculos que puder. Vendo o trabalho dos outros aprendemos muito. O fracasso vai surgir, mas passa e volta, assim como o sucesso. Nunca esqueça que, às vezes, é mais fácil começar do que permanecer na profissão. Esta profissão não tem idade para acabar.

M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até agora, como atriz?
D.D.V: Curioso, não costumo fazer balanço da minha vida. Vou tocando adiante. Quando você pergunta-me isso, obriga-me a pensar em tudo que já fiz. Foi muita coisa! Tenho uma carreira consistente. Fiz coisas boas e ruins, como todo mundo. Continuo apaixonada pelo que faço e aceitando desafios como uma iniciante. Gosto de trabalhar com jovens atores e poder transmitir algumas das minhas experiências a eles, bem como aprender com a espontaneidade e coragem, características dos jovens. Aprendo com o público, com as personagens, com os colegas.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
D.D.V: Estou agora envolvida com o espetáculo, "Trágica.3", que reúne resumos das 3 grandes tragédias gregas, "Antígona", "Electra", e "Medeia". Somos três atrizes, cada uma representando uma personagem. Faço a Medeia, na adaptação de Heiner Müller. A direção é de Guilherme Leme. Estivemos por dois meses e meio em São Paulo fazendo um surpreendente sucesso. O espetáculo segue para o Rio (de Janeiro), Brasília e Belo Horizonte. Para o próximo ano o espetáculo deve seguir para vários festivais, inclusive internacionais. Quem sabe chegamos a Portugal.

Na TV, depois de vários trabalhos seguidos estou de férias. Ainda não sei qual será o meu próximo trabalho.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda nesta altura da sua vida?
D.D.V: Certamente gostaria de ter um bom papel num filme. Mas estou bastante satisfeita com as oportunidades que tenho tido e com os papéis que tenho feito. Espero que continue assim.

Na minha vida pessoal, gostaria de conseguir mais tempo para viajar e conhecer novos lugares. Sou avó de uma menininha de um ano e não há nada como passar o dia com ela.ML