sábado, 22 de fevereiro de 2014

Brevemente...

Entrevista com... António Jorge (Jornalista)

Mário Lisboa entrevista... Rosa Guerra

Olá. A próxima entrevista é com a ex-produtora Rosa Guerra. Era proprietária de um táxi, quando o
motorista do realizador americano Franklin J. Schaffner (1920-1989) lhe perguntou se gostava de trabalhar em cinema, tendo aceitado por curiosidade em relação a esse mundo, e desde aí desenvolveu um percurso no meio audiovisual que passou pela televisão e pelo cinema, tendo-se tornado numa das mais respeitadas profissionais do meio. Na televisão, trabalhou na NBP (atual Plural) entre 1992 e 2008 até se demitir por razões pessoais (onde exerceu a função de produtora em produções como "O Bairro da Fonte" (SIC), "Filha do Mar" (TVI), "O Olhar da Serpente" (SIC), "Ana e os Sete" (TVI), "Inspetor Max" (TVI), "Dei-te Quase Tudo" (TVI), "Ilha dos Amores" (TVI) e "A Outra" (TVI), fazendo parte do grupo que criou a indústria da ficção nacional. Esta entrevista foi feita, por via email, no passado dia 5 de Fevereiro.

M.L: Quando surgiu o interesse pelo audiovisual?
R.G: Em 1985, eu era proprietária de um Táxi, e um dia estava na praça de táxis do Hotel Meridien, quando o motorista do realizador Franklin (J.) Schaffner me perguntou se não gostaria de trabalhar em Cinema como motorista. Eu disse que ia pensar e decidi aceitar a reunião no então Hotel Estoril Sol. Acabei por aceitar por curiosidade em relação ao mundo do Cinema!!!

M.L: Quais foram as suas influências nesta área?
R.G: Não tive influência de ninguém, apenas o desafio daquele senhor que me via a conduzir o táxi todos os dias. 

M.L: Trabalhou na televisão e no cinema. Qual destes géneros que mais gostou de trabalhar?
R.G: Não direi que gostei mais de um ou outro, mas quer em televisão, quer em cinema recordo momentos inesquecíveis e gratificantes, por um lado ter o prazer de trabalhar com equipas e atores fantásticos alguns dos quais ainda hoje guardo no coração e por outro lado, neste caso na NBP (atualmente Plural), percebi que tinha grandes amigos, inclusive em cargos muito superiores, pois nos momentos mais difíceis da minha vida nunca me senti abandonada. 

M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, durante o seu percurso como produtora?
R.G: Eu acho que todos me marcaram de alguma forma. No entanto, terei que realçar o primeiro, que apesar de não ter tido audiências, por ter sido emitido a horas tardias, foi na verdade um grande desafio. O décor construído pela EPC-Empresa Portuguesa de Cenários (grandes profissionais) era deslumbrante de tal forma que a SIC nesse ano fez o lançamento da grelha de programação no mesmo. Ainda me recordo que ao acabar este projeto "O Bairro da Fonte", deparei-me com a equipa da EPC de lágrimas nos olhos por ter que destruir aquele décor. Após este projeto em 2000, seguiram-se vários, tais como "Filha do Mar" (TVI), "Ana e os Sete" (TVI), "O Olhar da Serpente" (SIC), "Inspetor Max II" (TVI), "A Outra" (TVI), etc. Sem parar até 2008 (o ano em que pedi a demissão por razões pessoais). Desses outros projetos, muito teria para contar, mas não chegariam as páginas nesta entrevista!!! 

M.L: Um dos seus trabalhos mais marcantes, enquanto produtora, foi a telenovela “O Olhar da Serpente” que foi exibida na SIC entre 2002 e 2003. Que recordações guarda desse trabalho?
R.G: Foi um projeto difícil de produzir, pela sua logística. Para planificar, pelo facto de a protagonista ter muita incidência na história e os exteriores serem no Porto, foi muito, muito complicado. Por outro lado, também me desagradou a hora em que foi emitido, mais uma vez tardia!!! Coisa que ainda hoje é frequente nos canais televisivos.

M.L: “O Olhar da Serpente” foi o último trabalho do realizador Álvaro Fugulin, que faleceu pouco tempo depois da telenovela ter estreado, com quem já tinha trabalhado anteriormente. Como foi trabalhar com ele?
R.G: Foi maravilhoso. Ele era um grande profissional. Estava muito cansado após este projeto e a administração tinha decidido colocá-lo noutro cargo para o aliviar. Ele estava feliz com essa atenção. Tivemos o jantar de final de projeto num Domingo, e infelizmente na Terça-Feira seguinte recebo um telefonema do Sr. António Parente a participar a morte do Álvaro, que me recusei a acreditar que tal era verdade. Fui eu com indicação da administração que tratei do funeral, que me doeu como se de um familiar se tratasse. Foi muito bom trabalhar com ele.

M.L: Trabalhou, durante vários anos, na NBP (atual Plural). Que recordações guarda do tempo em que trabalhou na produtora?
R.G: Foi na NBP que trabalhei pela primeira vez em televisão no ano de 1992, no primeiro projeto como assistente de produção, a seguir como produtora de estúdio até ao ano 2000, e aí o Sr. António Parente (grande Líder) lançou-me o desafio de produzir pela primeira vez "O Bairro da Fonte", ou seja deixei de ser a chefe de estúdio e passei a produtora. As recordações são boas, apesar de quando me propuseram como produtora me ter sentido insegura de poder não ser tão boa produtora como era chefe de estúdio, daí restam as alegrias de ter sempre cumprido os orçamentos, e ter produzido projetos de grande audiência. Deixa-me feliz não ter deixado mal, quem em mim acreditou.

M.L: A Plural existe, desde 1992. Como vê o percurso que a produtora tem feito, desde a sua fundação até agora?
R.G: Vejo que a ficção nacional veio a crescer de uma forma positiva e que o telespectador já é bastante exigente.

M.L: Como vê, atualmente, o audiovisual (Cinema e Televisão) em Portugal?
R.G: Dias negros, porque infelizmente o Governo deste país não aposta na Cultura e também porque nunca entendi os critérios de distribuição dos dinheiros para a mesma.

M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira no audiovisual?
R.G: Neste momento, não gostaria de me pronunciar, pois é complicado e não quero iludir ninguém... É esperar por dias melhores…

M.L: Que balanço faz do percurso que desenvolveu como produtora?
R.G: Muito positivo e rico, não em euros. Tranquilidade pessoal e consciência tranquila por ter sido leal à minha própria exigência de bons resultados. Após me ter demitido a administração reuniu comigo e solicitou-me que produzisse a Novela que tinham no momento que foi "A Outra" e assinaríamos o contrato de rescisão, eu aceitei e deixa-me orgulhosa por ter produzido essa Novela como se fosse a primeira.   

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
R.G: Sei lá, dar a volta ao Mundo, saltar de para-quedas, ser rainha de uma marcha popular, pisar um palco de revista, porque também tenho as minhas experiências como pequena atriz. E ganhar um concurso de dança de salão...

M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da sua vida?
R.G: Nada. Estou feliz por existir!ML

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Mário Lisboa entrevista... Hernâni Duarte Maria

Olá. A próxima entrevista é com o realizador Hernâni Duarte Maria. Interessou-se pelo cinema ao ver Charlie Chaplin constantemente na televisão, e depois descobriu outros realizadores como Buster Keaton e Robert J. Flaherty, e desde aí tornou-se num dos talentos impulsionadores do cinema independente em Portugal, sendo cofundador da produtora Paradoxon Produções que foi fundada em 1997 e é sediada em Lagos no Algarve, e, recentemente, realizou o documentário "Tesouras e Navalhas" sobre o dia-a-dia numa barbearia em Faro no Algarve. Esta entrevista foi feita, por via email, no passado dia 10 de Fevereiro.

M.L: Quando surgiu o interesse pelo Cinema?
H.D.M: Surgiu desde muito novo, devido aos filmes de (Charlie) Chaplin e por vê-los constantemente na televisão, e a partir daí procurei outros cineastas como Buster Keaton, (Dziga) Vertov, Robert (J.) Flaherty, etc... Mas foi o Chaplin que me deu a tal injeção do cinema.

M.L: Quais são as suas influências, enquanto realizador?
H.D.M: Chaplin, David Lynch, Béla Tarr...

M.L: Qual foi o trabalho que mais o marcou, durante o seu percurso como realizador?
H.D.M: Foram 2 filmes. A curta-metragem “Manhã Triste” em que tive o privilégio de conhecer e trabalhar com o escritor Urbano Tavares Rodrigues, pois adaptei o seu conto ao cinema e claro que fiquei bastante satisfeito, quando o próprio Urbano me elogiou. E a curta-metragem “Faminto” que foi o filme mais complexo que realizei, pelo número de atores e toda a logística… Aprendi muito, durante a rodagem destes 2 filmes.

M.L: A produtora Paradoxon Produções, da qual cofundou em 1997, está sediada em Lagos no Algarve. Na sua opinião, acha que o Algarve tem evoluído, em termos cinematográficos, desde 1997 até agora?
H.D.M: Lagos no Algarve, como qualquer outra pequena cidade, pouco se passa em termos culturais... Gostando tanto de cinema propus ao meu amigo fotógrafo Pedro Noel da Luz fazermos este projeto e assim foi e o projeto está para durar... Também já lá vão 14 anos de cinema independente.

M.L: Em 2011, corealizou a curta-metragem “Faminto” que contou com a participação de atores como Sofia Reis, Philippe Leroux e Hugo Costa Ramos. Que recordações guarda desse trabalho?
H.D.M: Foi uma curta difícil de realizar, mas enriquecedora para mim, enquanto realizador. Gostei imenso, gostava de voltar a fazer um filme assim...

M.L: Como vê, atualmente, o Cinema, em termos gerais?
H.D.M: Mau, num buraco e sem saída possível... As portas estão fechadas para todos, mas sobretudo para nós cineastas independentes que ninguém nos conhece... As elites predominam.

M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
H.D.M: Não, gosto de estar por cá... Embora seja muito crítico com a Cultura e sobretudo com o cinema.

M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na área do Cinema?
H.D.M: Sejam irreverentes e não se calem... E façam muitas curtas-metragens, é a escola para as longas-metragens...

M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até agora, como realizador?
H.D.M: O balanço é positivo... Quando comecei nem sonharia que poderia chegar a este patamar, com prémios, algum reconhecimento e sobretudo ter tido um filme meu na Cinemateca... Estou muito satisfeito...

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
H.D.M: 2 curtas-metragens e a longa-metragem... Levo mais tempo agora nas produções... O que me interessa é filmar... Mas com calma e com tempo...

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
H.D.M: Um filme com todos os meios técnicos disponíveis, um filme à imagem dos filmes do cineasta húngaro Béla Tarr ou até mesmo algo parecido com o cinema de David Lynch…

M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da sua vida?
H.D.M: Talvez que o cinema independente tivesse mais reconhecimento e sobretudo que os jovens cineastas fossem mais conhecidos, um espaço alternativo dentro do cinema português ou então tanto a Academia de Cinema como outras entidades promovessem mais este tipo de cinema e o seu reconhecimento.ML

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Brevemente...

Entrevista com... Hernâni Duarte Maria (Realizador)

Mário Lisboa entrevista... Ricardo Jorge Pinto

Olá. A próxima entrevista é com o jornalista Ricardo Jorge Pinto. Sonhava ser historiador, quando era criança, e o interesse pelo jornalismo surgiu tardiamente, tendo-se tornado num dos mais respeitados profissionais da Comunicação Social em Portugal, com um percurso como jornalista que passa pela imprensa, pela rádio e pela televisão, sendo, atualmente, Diretor-Adjunto de Informação da Agência Lusa e desde 2004 que é comentador residente da RTP na área da Política Nacional, e gostava de escrever discursos para o Presidente dos EUA. Esta entrevista foi feita, por via email, no passado dia 30 de Janeiro.

M.L: Quando surgiu o interesse pelo jornalismo?
R.J.P: Já tarde. Quando era criança sonhava ser historiador.

M.L: Quais são as suas influências, enquanto jornalista?
R.J.P: As minhas primeiras influências estiveram no Expresso, para onde fui trabalhar ainda muito jovem. O meu primeiro editor foi o Carlos Magno (agora presidente da ERC), a seguir o Jorge Fiel (agora subdiretor do Jornal de Notícias) e ambos ajudaram a formatar a minha escrita jornalística. Mas fui buscar também influências à minha passagem pelo The New York Times, numa fase em que era muito influenciável. Mas, ainda hoje o sou, e ainda hoje recolho influências de muitos lados.

M.L: Durante o seu percurso como jornalista, trabalhou na imprensa, na rádio e na televisão, sendo, atualmente, Diretor-Adjunto de Informação da Agência Lusa. Qual destes meios de comunicação mais gosta de trabalhar?
R.J.P: Cada um desses meios tem um encanto particular. Gosto da Imprensa, pela escrita analítica, pela necessidade de explicar o que vemos. Gosto da Rádio, pelo intimismo que provoca, pela oralidade que nos prende à pele. Gosto da TV, pela complementaridade da imagem e do som, pela visibilidade que ela atribui ao que se faz. Gosto da agência, pela velocidade da circulação da informação, pelo efeito dispersor da linha da Lusa, pela importância que aí tem a sua muito dispersa rede de correspondentes.

M.L: Qual foi o trabalho que mais o marcou, durante o seu percurso como jornalista?
R.J.P: Não consigo destacar um, em particular. Mas confesso que me marcou a investigação que conduzi no Expresso sobre a Fundação Prevenção e Segurança, pela capacidade que teve em desmantelar alguma coisa que não era democraticamente saudável, sendo até politicamente consequente (levou à demissão de um ministro).

M.L: Além do jornalismo, também é professor. Em qual destas funções em que se sente melhor?
R.J.P: Gosto de ter as duas funções ao mesmo tempo e do efeito pendular que isso provoca: tento levar para a sala de aula a experiência de jornalista e tento levar para as Redações o resultado do esforço de reflexão crítica das salas de aula.

M.L: Como vê, atualmente, a Comunicação Social em Portugal?
R.J.P: Os media estão a atravessar um período crítico: o seu modelo de negócio (a Publicidade) faliu, ao mesmo tempo que sentem o impacto implacavelmente modificador das plataformas digitais. Mas este momento crítico pode ser um momento de oportunidade, se houver bom senso e competência. Infelizmente, em alguns casos não existe nenhum desses elementos. Felizmente, enquanto consumidores de informação, temos hoje muitas mais opções de escolha.

M.L: Já trabalhou no estrangeiro. Gostava de ter ficado lá?
R.J.P: Cada decisão implica deixar para trás muitas outras. No momento em que me foi oferecido um lugar na Universidade do Texas hesitei: era uma tentação muito forte. Mas do outro lado do Atlântico tive outras ofertas que na altura me seduziram ainda mais. Nunca saberei o que teria sido melhor para mim.

M.L: Desde 2004 que é comentador residente da RTP na área da Política Nacional. 57 anos depois da sua fundação, como vê, hoje em dia, o canal?
R.J.P: A RTP é uma Televisão de bandeira, num continente em que os meios de comunicação estatais são relevantes. No momento em que se pensa o futuro de uma estação de televisão estatal, há muitas opções para a RTP: todas têm vantagens e desvantagens. A única coisa que não traz benefícios é não haver decisões, porque a ausência de um rumo é sempre negativo. Quando não se sabe para onde se vai, não se vai a lado nenhum.

M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira no jornalismo?
R.J.P: Que seja persistente. Vale a pena. Apesar de todas as dificuldades. O jornalismo é uma profissão fascinante. Porque não há nada mais fascinante do que entender o que se passa à nossa volta. E explicar isso de forma clara, precisa e concisa a quem nos quer ouvir.

M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até agora, como jornalista?
R.J.P: Tenho a felicidade de ter tido as melhores oportunidades que um jornalista pode ter. O JN, o Expresso, a RTP, a Lusa são lugares fantásticos para se fazer jornalismo. E tive o privilégio de os poder experimentar e de crescer em cada um deles.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
R.J.P: Confesso que mal tenho tempo para gerir estes projetos em que estou envolvido.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
R.J.P: Escrever discursos para o Presidente dos Estados Unidos da América.

M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da sua vida?
R.J.P: Profissionalmente, gosto mesmo muito do que estou a fazer. E estou rodeado das pessoas certas.ML

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Brevemente...

Entrevista com... Ricardo Jorge Pinto (Jornalista)

Mário Lisboa entrevista... Cláudia Manuel Silva

Olá. A próxima entrevista é com a atriz Cláudia Manuel Silva. Natural de Esmoriz, desde muito cedo que se interessou pela representação, sendo um dos talentos mais promissores da nova geração de atores, com um percurso como atriz que passa, essencialmente, pelo teatro e pelo cinema. Além da representação, também é cantora, sendo mentora, ao lado de Inês Pinto Leite, do projeto "Ecos Tradicionais" que é dedicado à música tradicional portuguesa, e, recentemente, participou na telenovela "Sol de Inverno" (SIC) e nas séries "I Love It" (TVI) e "Os Filhos do Rock" (RTP). Esta entrevista foi feita no dia 23 de Junho de 2012 na Biblioteca Municipal de Santa Maria da Feira.

M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
C.M.S: O interesse pela representação surgiu, desde muito nova. Eu comecei a trabalhar com a Art’Encena que é uma associação em Santa Maria da Feira. Comecei a trabalhar em feiras medievais e foi a partir daí que eu descobri que queria ser atriz e que queria seguir essa carreira.

M.L: Quais são as suas influências, enquanto atriz?
C.M.S: Não tenho, propriamente, uma influência. Eu gosto um pouco de tudo. Acho que as maiores influências são as pessoas que me acompanham ao longo do tempo: os meus professores, tive um encenador (João Paulo Costa) que me marcou imenso, que me acompanhou, durante três anos, e que me deu aulas. Acho que ele é uma das minhas grandes influências.

M.L: Faz, essencialmente, teatro e cinema. Gostava de trabalhar mais em televisão?
C.M.S: Sim, gostava de fazer televisão. Eu fui para Lisboa com o intuito de também trabalhar em televisão, embora a minha grande paixão seja o teatro e o cinema. Mas a televisão, neste momento, é um mercado, onde os atores têm uma facilidade maior de gerir a sua vida.

M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, durante o seu percurso como atriz?
C.M.S: Em teatro, acho que a peça que mais me marcou foi “As Danaides” que eu fiz com João Paulo Costa. Foi uma das peças que me deu mais gozo de fazer. Em cinema, eu comecei com a curta-metragem “Azeitona” (2008) e foi marcante, porque também foi a primeira experiência que tive em cinema e foi aí que eu percebi, realmente, que gostava imenso de cinema.

M.L: Como vê, atualmente, o teatro e a ficção nacional?
C.M.S: O teatro está paradíssimo. É muito difícil para os novos atores conseguirem fazer bom teatro, porque não há apoios, a situação do nosso país está como toda a gente sabe, há teatros a fechar, porque não têm forma de sobreviver. A ficção é uma indústria de muita competitividade, é complicado entrar na ficção nacional, hoje em dia, mas eu sou apologista de que quando nós temos uma boa formação, de que quando gostamos imenso daquilo que fazemos e trabalhamos para isso, vamos ter as nossas oportunidades.

M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
C.M.S: Eu não sou uma atriz que sonha em ir para Hollywood, eu gosto de trabalhar cá… Aliás, o cinema que eu mais gosto nem é, propriamente, o cinema mainstream americano… É cinema francês, cinema brasileiro… Todos os atores e atrizes gostavam de expandir o seu trabalho por mais do que o seu país.

M.L: Vive em Lisboa, mas é natural de Esmoriz. Já alguma vez se arrependeu de ter decidido ir viver para Lisboa?
C.M.S: No início, foi um bocadinho complicado nos primeiros três meses, porque fui para Lisboa, deixei cá a família, os amigos, tudo aquilo que fazia parte da minha vida e lancei-me para um sítio que eu não conhecia… Mas, hoje em dia, não me arrependo de nada, estou a adorar estar em Lisboa, estou a gostar imenso.

M.L: É agenciada pela H!T Management que foi fundada pela também atriz Ana Varela e que pretende ser uma agência inovadora, cujos seus agenciados são, em grande parte, atores com menor visibilidade. Como vê o percurso que a agência tem feito, desde a sua fundação até agora?
C.M.S: Eu, praticamente, acompanhei o início. Quando me mudei para Lisboa, eles tinham um pouco mais do que três meses de empresa. Eu cheguei a trabalhar com eles, ajudá-los mesmo em trabalho de agência, tal como atriz. Portanto, estou completamente dentro daquilo que é o trabalho da H!T. A H!T pegou inicialmente em atores que não têm grande visibilidade na ficção e, neste momento, já estamos com um leque de atores muito maior. Isso é um sinal de que a agência é boa (a meu ver).

M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até agora, como atriz?
C.M.S: O meu percurso ainda é pequeníssimo, eu ainda estou a começar. Acho que nós estamos sempre a aprender, tem de ser tudo muito devagarinho, mas eu estou muito satisfeita, já trabalhei em muitas áreas que eu sempre quis trabalhar e acho que estou num bom caminho.ML

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Mário Lisboa entrevista... Mário Santos

Olá. A próxima entrevista é com o columbófilo Mário Santos. Natural de Lobão, Santa Maria da Feira, desde muito cedo que se interessou pela Columbofilia, sendo um dos mais respeitados columbófilos do concelho de Santa Maria da Feira, tendo sido premiado ao longo dos anos pelo contributo que tem dado à Columbofilia como praticante e como dirigente. Esta entrevista foi feita no passado dia 11 de Janeiro na casa do entrevistado.

M.L: Quando surgiu o interesse de ser columbófilo?
M.S: Toda a minha vida tive um carinho especial pelo pombo-correio. Desde criança que gostava bastante dos pombos-correios. Oficialmente, foi aos 20 anos que comecei a dedicar-me à columbofilia de um modo geral.

M.L: Quais foram as pessoas que o influenciaram ao longo do seu percurso na Columbofilia?
M.S: Gostar dos pombos é uma questão que nasce com a pessoa. Particularmente, eu não tive uma referência que me incentivasse, o meu gosto pelos pombos é que me incentivou a cuidar dessa ave extraordinária que é o pombo-correio.

M.L: Houve algum momento que tenha sido marcante para si, durante o seu percurso como columbófilo?
M.S: Um dos momentos mais importantes foi, talvez, a primeira vez em que me tornei campeão na Columbofilia.

M.L: Além da Columbofilia, também é trabalhador na Construção Civil. Como vê a instabilidade que se tem sentido, nos últimos anos, nessa área específica?
M.S: Vejo com grande apreensão, porque está um pouco estagnada e como tal vejo o futuro um bocado cinzento, mas há que ter esperança e fé de que realmente as coisas melhorem.

M.L: Tem sido premiado, ao longo dos anos, pelo contributo que tem dado à Columbofilia. Como é que se sente ao ver o contributo que tem dado a esta atividade a ser reconhecido pelo seus pares?
M.S: Felizmente, ainda há muita gente que reconhece o trabalho que é feito pelos dirigentes a nível da Columbofilia. Há mais de 20 anos que eu sou diretor desportivo da Columbofilia ininterruptamente e as pessoas reconhecem o trabalho que é feito ano após ano. O reconhecimento vem com naturalidade.

M.L: Qual foi o título que mais o marcou em termos desportivos?
M.S: Foi o Campeonato de Fundo do Distrito de Aveiro em 2005. Foi a maior vitória que eu alcancei.

M.L: Como vê, atualmente, a Columbofilia?
M.S: Com alguma apreensão e uma certa tristeza derivado ao abandono de bastantes columbófilos a nível nacional e esta crise tem contribuído para que isso aconteça.

M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira exercer a atividade da Columbofilia?
M.S: O conselho que eu daria é que tenha a preocupação de ter bons pombos, pois só assim é que se consegue chegar longe na Columbofilia e que tenha amor e paixão pelo pombo-correio.

M.L: Que balanço faz do percurso existencial que tem feito até agora?
M.S: A nível columbófilo, tenho um palmarés rico de várias vitórias ao longo destes anos. A nível pessoal, os meus objetivos foram sempre conseguidos pulso a pulso e com muita dedicação e perseverança que tenho comigo na vida.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
M.S: Eu nunca me dou por realizado tanto a nível desportivo como a nível profissional e familiar. Tento fazer sempre algo mais do que aquilo que tenho conseguido. Perseverança e luta no meu dia-a-dia para conseguir sempre um pouco mais os meus objetivos alcançados.

M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da sua vida?
M.S: Nesta altura da minha vida, eu não queria que mudasse grande coisa. A única coisa que eu queria que mudasse era a estagnação em que o país se encontra. É isso que eu desejo.ML

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Brevemente...

Entrevista com... Mário Santos (Columbófilo)

Mário Lisboa entrevista... Rui Dias

Olá. A próxima entrevista é com o editor Rui Dias. Interessou-se pelo audiovisual, quando tinha 11 anos, tendo-se tornado num dos mais reputados e talentosos profissionais do meio. Apaixonado pelo que faz, tem desenvolvido um percurso como editor que passa por Portugal e pelo estrangeiro, trabalhando, essencialmente, no Cinema e na Televisão. Atualmente, trabalha para uma agência de criativos com escritórios em Londres, Los Angeles e Nova Iorque, que o contrata para fazer diversos trabalhos de edição fora de Portugal. Em Portugal, atualmente trabalha no programa "5 para a Meia-Noite" (RTP). Esta entrevista foi feita, por via email, no passado dia 17 de Janeiro.

M.L: Quando surgiu o interesse pelo audiovisual?
R.D: Surgiu quando tinha 11 anos. Vivia em França e estava com a minha mãe a ver um filme do Tarzan na televisão, quando perguntei à minha mãe, porque é que o Tarzan andava descalço e não tinha os pés sujos. Ela não me soube responder e aí devo ter decidido que era esse o caminho que eu queria seguir para a minha vida, porque comecei a estar mais atento a tudo que via na televisão. Depois anos mais tarde, para pagar os Estudos, eu fazia pequenos trabalhos, e um dia acompanhei um colega que costumava assistir a um programa de televisão. No intervalo da gravação desse programa, uma pessoa da Produção veio falar comigo dizendo que um dos assistentes de câmara tinha-se sentido mal e se eu poderia substitui-lo. Explicaram-me o que devia fazer e aquilo correu bem, porque no final do programa vieram convidar-me para continuar e assim tive a minha 1ª experiência no mundo da Televisão.

M.L: Quais são as suas influências nesta área?
R.D: O norte-americano Stephen Mirrione e o francês Jacques Witta. São 2 Editores premiados com os prémios mais importantes do Cinema e já trabalhei com ambos.

M.L: Trabalha, essencialmente, no Cinema e na Televisão. Qual destes géneros que mais gosta de trabalhar?
R.D: Gosto de ambas essas áreas, sou um apaixonado pelo que faço. Também faço muita Publicidade, Documentários e, por vezes, videoclips musicais. Cada uma destas áreas requer diferentes tipos de linguagem de Edição como é evidente.

M.L: Qual foi o trabalho que mais o marcou, durante o seu percurso como editor?
R.D: Foram vários, não consigo destacar nenhum, pois o trabalho que estou a fazer no momento é sempre o mais importante. Mas talvez então destaque um Filme que vai estrear em Fevereiro e que foi gravado entre Berlim e Londres.

M.L: Como vê, atualmente, o audiovisual (Cinema e Televisão) em Portugal?
R.D: O país está em crise e esta área não é exceção. Continuo a ver jovens saídos das Escolas técnicas mal preparados para a vida profissional, com os caminhos muito fechados, pois o Mercado Audiovisual é pequeno e não tem capacidade para acolher tanta gente.

M.L: Recentemente, concedeu uma entrevista à revista “Notícias TV” que sai às sextas-feiras com o Jornal de Notícias e com o Diário de Notícias. Sendo uma pessoa que trabalha nos bastidores, como é que se sentiu ao ser entrevistado por aquela que é, possivelmente, a mais importante revista dedicada à indústria televisiva em Portugal?
R.D: Senti-me honrado com o convite, pois de facto a "Notícias TV" é uma Revista à parte. Uma semana antes, outra Publicação procurou-me interessada em ter um Depoimento meu, mas quando surgiu esse convite da parte do Nuno Azinheira (Diretor da Revista “Notícias TV”) não pensei 2 vezes.

M.L: Como é que é a sua rotina, quando trabalha na edição de um projeto audiovisual (seja no Cinema ou na Televisão)?
R.D: A 1ª coisa a fazer é chegar cedo e ser pontual. Pois muitas vezes temos de trabalhar com realizadores, jornalistas, e guionistas e não devemos fazer esperar ninguém. Nós podemos trabalhar sem eles, pois somos nós que operamos a máquina, mas sem nós eles não podem começar a trabalhar.
A 2ª coisa é ler o Guião do filme ou o Alinhamento do programa, antes de começar a trabalhar, e depois então sim mãos à obra.

M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na área do audiovisual?
R.D: O meu conselho é que procurem outro país para trabalhar, não interessa qual. Este país está a viver uma crise enorme e nas minhas Estadias em Trabalho lá fora não vejo crise nenhuma no Mercado Audiovisual.

M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até agora, como editor?
R.D: É um percurso bonito com algumas coisas giras que já fiz. Mas também me dá um prazer enorme ver pessoas sugeridas por mim a trabalhar nalgumas Produtoras e que estão a dar Cartas. Tenho aí alguns afilhados espalhados por aí entre Portugal e França.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
R.D: Um novo filme que vai ser gravado nos Estúdios Babelsberg em Potsdam, Berlim. 

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
R.D: É precisamente aquilo que irei fazer em Junho, mas ainda não posso revelar. É Top Secret ainda, a seu tempo revelarei.

M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da sua vida?
R.D: Gostava que aquilo que eu ando a fazer lá fora tivesse mais visibilidade neste país.ML

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Mário Lisboa entrevista... Paula Santos

Olá. A próxima entrevista é com a atriz Paula Santos. Desde muito cedo que se interessou pela representação, sendo um dos talentos mais promissores do meio artístico português, e tem desenvolvido um versátil percurso como atriz que passa pelo teatro, pelo cinema e pela televisão (onde entrou em produções como "Morangos com Açúcar" (TVI) e "Rebelde Way" (SIC). Workaholic assumida, desdobra-se em vários projetos (sendo, por exemplo, criadora do blogue "Paradoxo de Realidades" (http://paradoxosemmim.blogspot.pt/) e mentora, com a cantora Kiara Timas, do projeto "O que me traz o maior sorriso" que tem como objetivo incentivar quem sai à noite a ajudar os sem-abrigos) e, atualmente, participa na telenovela "Sol de Inverno" que está em exibição na SIC. Esta entrevista foi feita, por via email, no passado dia 19 de Dezembro.

M.L: Quando surgiu o interesse pela representação?
P.S: Confesso que, desde miúda, sempre fui muito espontânea para com a minha criatividade, era (e ainda sou um bocadinho) a artista da casa sempre pronta a entrar no meio da sala sem medos e fazer uma peça de teatro, interpretar uma canção, vestir uma personagem de um filme ou um ícone da História e deixar todos com um sorriso no rosto. Sou uma alegre caixinha de surpresas para a família, confesso. 
O estudo de comportamentos, a analise constante de emoções e pôr-me no papel do “outro” enquanto vivências relacionamentais também foi sempre algo muito presente na minha forma de estar na vida e que sempre me estimulou. Perante estas minhas tendências, poderia afirmar que nasci atriz, mas conscientemente comecei a ficar com o “bichinho da representação” a fazer anúncios para TV os quais requerem algum acting, pois damos vida a uma personagem numa história, mesmo que só para uma marca ou para um produto. Por isso, posso dizer que foi oficial, na minha mente, o casamento com esta paixão, com a publicidade há cerca de 11 anos.

M.L: Quais são as suas influências, enquanto atriz?
P.S: Apaixonam-me atores que consigam construir A personagem de uma forma subtil, que seja notória a construção através do Método de Stanislavski, que através de gestos simples, mas fortes, olhares intensos que, praticamente, não precisem de texto para falar, se perceba a intensão e emoção da cena. Por isso, vejo inspiração para o meu trabalho em atrizes como Charlize Theron, Meryl Streep, Natalie Portman e em atores como Daniel Day-Lewis, Anthony Hopkins e Johnny Depp.

M.L: Faz teatro, cinema e televisão. Qual destes géneros que mais gosta de fazer?
P.S: Enquanto atriz, é gratificante qualquer uma destas áreas, pelo menos para mim que felizmente já pude experienciar as 3, precisamente por terem formas distintas de construção de personagem. Em novela, por exemplo, o percurso da personagem está, até ao final, a ser escrito, por isso é sempre uma surpresa para nós, enquanto atores, do futuro da mesma, o que nos obriga a uma ginástica maior em termos de memória e de emoções. Uma forma simples de explicar esta situação é: Hoje gravamos o nosso casamento e amanhã gravamos o início do namoro. Em termos de cronologia, não há uma constante de gravação. Já em cinema, temos um guião em mão por inteiro e sabemos o início e fim da história da nossa personagem com alguma antecedência, o que nos permite uma margem maior de trabalho de construção de personagem. Por outro lado, o facto de termos de gravar 5 vezes a mesma cena por causa dos planos, torna o trabalho de repetição mais difícil que em novela. No teatro, respiramos o público, temos uma liberdade de expressão corporal maior, sentimos, de imediato, a reação do nosso trabalho! É muito gratificante. E é o pai desta arte!!! Por isso, diria que a ser gratificante, num todo, é o teatro. Mas amo representar e poder explorar ser outras pessoas em mim, por isso dêem-me um guião, um espaço, uma personagem e público e estarei muito feliz em qualquer um dos 3 “moldes”.

M.L: Qual foi o trabalho que mais a marcou, até agora, enquanto atriz?
P.S: Houve uma personagem que fiz numa peça de teatro que me apaixonou bastante: “Em Nome do Pai”. Uma menina que vivia no meio rural e que sonhava com Hollywood, que se refugiava no seu imaginário para fugir à morte de um pai e de uma família com muitos problemas financeiros. Foi muito bonito, para mim, senti-la e foi a personagem mais complexa em comparação a qualquer outro registo que tivesse feito.

M.L: Em 2010, participou na curta-metragem “Voice Mail” e na respetiva sequela intitulada “Voice Mail 2-A Vingança”, da qual foram escritas e realizadas por Artur Ribeiro. Que recordações guarda destes dois trabalhos?
P.S: Foi delicioso! Muito bom e engraçado. Surgiu de uma brincadeira entre mim e o Artur, de um desafio para os 2 o qual funcionou muito bem, tanto que se tornou numa sequela. Numa esplanada a lancharmos, o Artur disse-me: “Se escrevesse algo para amanhã e chegasse ao pé de ti com uma câmara, alinhavas em fazer uma curta-metragem meio louca?”. Eu que adoro desafios, (ainda que estivesse um pouco assustada, pois não sabia que texto ia ter, não teria tempo para decorar e trabalhar a personagem) disse logo: “SIM!!!”. E resultou lindamente!!!

M.L: Como foi trabalhar com Artur Ribeiro?
P.S: O Artur é um excelente profissional e um amigo que tem uma sensibilidade e qualidade natas para a escrita. Uma pessoa muito sensível à vida e aos pequenos pormenores da mesma. Posso dizer, sem qualquer receio, que se há algo que vai ser escrito pela mão dele vai ser muito bom! 
Vemos isso no guião para a curta-metragem “Voice Mail” que surgiu de uma brincadeira e do qual ele conseguiu pôr a força de uma psicótica, junta alguma comédia e drama em texto subentendido. Por isso, foi maravilhoso trabalhar com o Artur e espero voltar a repetir.

M.L: Qual foi o momento que mais a marcou, até agora, enquanto atriz?
P.S: O primeiro guião que tive em mão para interpretar foi, sem dúvida, o momento que mais me marcou. Precisamente por ser o começo de tudo, do sonho.

M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
P.S: Seria óbvio dizer que sim, mas não. Ainda que seja uma lutadora e aventureira, sempre sonhei com os pés bem assentes na terra e sei o quanto difícil é conseguirmos mostrar o nosso trabalho a nível artístico lá fora. Adoro Londres e a forma como lidam com a arte, sou facciosa por filmes de Hollywood, mas sou, acima de tudo, muito realista, quanto ao sistema de como esta indústria (que é a arte de representação) funciona. 
Muitos colegas meus tentaram, mas muito poucos conseguiram chegar a além-fronteiras. Admiro-os, mas não é o sonho que tenho para mim. Não digo que seja impossível, mas para mim não é A prioridade, quero fazer um bom trabalho e percurso, mas não obrigatoriamente lá fora, pelo menos nesta área. Se acontecer ótimo, mas não gasto a minha energia nesse sentido. Já escrever, por exemplo, talvez seja algo a explorar além-fronteiras... Hoje em dia, tenho os meus objetivos muito bem definidos e está tudo numa linha muito harmoniosa.

M.L: Quais são os atores, em Portugal, com quem gostava de trabalhar no futuro?
P.S: Sou uma sortuda neste ponto, pois tive a sorte não de trabalhar, mas de ter formação com Raul Solnado e com António Feio, que já não estão entre nós, e me transmitiram e incutiram princípios e normas, enquanto artista que jamais esquecerei. Depois têm-se cruzado no meu caminho profissional, os melhores colegas e profissionais que temos. Atualmente, trabalho com um conjunto de atores, que só me faz agradecer à vida por estar a ter esta experiência. Em carteira, ficam ainda Ivo Canelas, Ruy de Carvalho e Maria João Bastos, em falta.

M.L: Qual foi a situação mais embaraçosa que a marcou, até agora, enquanto atriz?
P.S: Chegar ao plateau para a 1ª cena da série “Rebelde Way” (SIC) e dizerem-me: “A cena começa com as 2 personagens aos beijos em grande clima de paixão”. Imagina!!! Eu que nem conhecia o meu colega na altura. Fiquei completamente sem jeito e até pensei que fosse partida por ser o meu 1º dia de gravações!!! Mas era mesmo verdade e acabou por correr tudo lindamente graças a toda a equipa e colegas e direção de atores.

M.L: Gostava de experimentar outras áreas como, por exemplo, a escrita?
P.S: Já o faço, há cerca de 3 anos. Sempre senti uma grande adrenalina e entusiasmo pela escrita, sempre fui de publicar posts em redes sociais, intelectualmente provocadores, sempre gostei de um bom debate e sempre soube expressar muito bem em escrita o que, por vezes, as palavras ditas não soltam. E, curiosamente, também sempre tive ótimos feedbacks, por parte de quem me “lê”. Isso fez com que o apelo de avançar com a escrita, tomasse uma forma real e que fez muito sentido para mim! Assim comecei por começar regularmente a escrever textos soltos e poemas com os quais criei o Blogue “Paradoxo de Realidades” e, recentemente, textos mais impactantes, que abordassem temas com os quais as pessoas se identificassem, aos que chamei de “Crónicas de Santos Paula”. E posso dizer, com alguma certeza, que a escrita irá continuar a cruzar-se no meu caminho, enquanto artista e enquanto indivíduo.

M.L: Qual foi a pessoa que a marcou, até agora, enquanto atriz?
P.S: Enquanto atriz e no meio, foi, sem dúvida, a panóplia de formadores da área que tive no meu primeiro curso, pois foram eles que me moldaram para o início deste caminho. Mas não posso deixar de frisar que é quem me dá a mão no meu caminho e quem acredita em mim que me marca a alma, pela generosidade e confiança que em mim depositam.

M.L: Qual o conselho que daria a alguém que queira ingressar numa carreira na representação?
P.S: Excelente pergunta para a resposta que há tanto quero dar relativamente a quem diz, sem pensar, que quer ser ator.

Tenham consciência que terão de estudar muito! Ter um conhecimento geral de TUDO o que a vida tem, vão ter de estar informados sobre TUDO, de começar a estar preparados para ler pessoas, controlar emoções e saber de A a Z, desde profissões a doenças existentes assim como culturas, religiões, etc. E principalmente ler muito, ter um vocabulário vasto e estar preparado para saber esperar.
Logo ser ator/atriz é, talvez, a profissão mais difícil de gerir.

Por isso, o conselho é:
– Sejam prudentes, quando escolherem esta profissão, mas arrisquem se estiverem mesmo apaixonados, pois terão a maior das bênçãos por conseguirem viver outras pessoas em vocês e dar ao público uma vida com mais cor, emoções e sorrisos.

M.L: Que balanço faz do percurso que tem feito, até agora, como atriz?
P.S: Gostava de ter tido oportunidades com mais regularidade, e de não ter estado durante tanto tempo com a minha imagem “colada” a séries juvenis pois o trabalho do ator é mostrar sempre algo novo e tentar não ficar vinculado a um só registo. Mas, no geral posso dizer que o meu percurso é sóbrio e que, aos poucos, vou conseguindo chegar aos objetivos que mais ambiciono.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
P.S: Neste momento, estou a trabalhar em TV, num projeto com uma qualidade muito grande, de horário nobre e composto por colegas que admiro muito. Paralelamente, estou com uma peça de teatro infantil “Missão Terra” no âmbito das ciências do ambiente, no qual podemos passar por escolas, hospitais, levar um sorriso e aprendizagem sobre os mais novos, algo que é muito gratificante. E também sou mentora, com a cantora Kiara Timas, do projeto “O que me traz o maior sorriso”, uma ação individual que tem como objetivo incentivar quem sai à noite a ajudar os sem-abrigos. Para já e em curso, estes são os meus projetos aos quais estou dedicada de corpo e alma. Mas também sou Relações Públicas de um Hostel maravilhoso e estou envolvida em projetos paralelos que, gradualmente, vão acontecendo. Sou workaholic, logo haverão sempre novidades quanto ao meu percurso.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
P.S: Poder ajudar pessoas mais carenciadas, crianças... Estar ligada a grandes causas humanitárias através da minha imagem, poder conciliar a realização profissional à pessoal, é e sempre foi a minha maior ambição.

M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da sua vida?
P.S: Estou numa fase muito tranquila e harmoniosa da minha vida, por isso neste momento não mudaria nada. Até porque tudo acontece na altura certa, mais cedo ou mais tarde.ML