sexta-feira, 30 de março de 2012

Mário Lisboa entrevista... Catarina Trindade

Olá. A próxima entrevista é com a cantora Catarina Trindade. Filha da cantora Nucha, desde muito cedo que se interessou pela música tendo em 2009 ter concorrido à terceira edição do programa "Ídolos" (SIC), tem na mãe como a sua principal influência musical apesar de ter outras influências mais direcionadas para à música internacional como Adele, Joss Stone, Pink e Adam Lambert e recentemente participou como vocalista na música intitulada "Moving On" da autoria do DJ e Produtor Mike C. Esta entrevista foi feita por via email no passado dia 21 de Fevereiro.

M.L: Como é que surgiu o interesse pela música?
C.T: Costumo dizer que a música já nasceu comigo, sempre fez parte de mim e do meu dia-a-dia. A minha mãe é profissional neste campo, o que levou a que a música obrigatoriamente estivesse desde sempre presente na minha vida. O interesse em si: desde criança que é a minha grande paixão. Já quis ser bailarina, eheheh. Mas atualmente já exclui essa hipótese, o meu sonho é mesmo ser cantora.

M.L: Quais são as suas grandes influências, enquanto cantora?
C.T: A minha mãe é sem dúvida, a minha principal influência. Admiro-a muito como ser humano e como profissional que é (gosto de separar as coisas, o fato de ser minha mãe não tem nada a ver com o fato de ser uma das minhas vozes preferidas/de referência). Para além dela, as minhas influências musicais dirigem-se muito para à música internacional: Adele, Joss Stone, Pink, Kelly Clarkson, Adam Lambert, Chris Daughtry, etc. Estes são alguns dos nomes que mais me inspiram.

M.L: Em 2009 concorreu à terceira edição do programa “Ídolos” (SIC). Como vê atualmente a aposta das estações televisivas nos programas de caça-talentos?
C.T: Sinceramente, os programas de caça-talentos em Portugal (na minha opinião) não funcionam como supostamente deveriam. O objetivo é dar a conhecer novas caras e fornecer às mesmas, oportunidades de mostrar o que valem. Temos inúmeros portugueses super-talentosos que mereciam vingar no mundo da música e de alcançar os seus sonhos. Só que infelizmente, o próprio país não é capaz de suportar ou apoiar os artistas (no geral). Quanto à minha experiência no programa "Ídolos" foi realmente mais uma experiência, uma etapa na minha vida. Fez-me crescer e ver este mundo (que já conhecia, embora de forma indireta) numa perspetiva mais aprofundada.

M.L: Quais são os cantores em Portugal com quem gostava de trabalhar no futuro?
C.T: Não tenho grandes ambições no que toca a Portugal, embora admire muito os nossos artistas. Talvez por ser adolescente e pela minha geração estar fortemente influenciada pela música internacional. Sei que não é muito patriótico da minha parte, mas gostava muito de ter uma carreira na qual pudesse cantar em inglês. Isto, obviamente caso algum dia vir a acontecer. No entanto, estou aberta a projetos e não excluo hipóteses. Ficaria muito orgulhosa e feliz se algum dia fosse convidada para trabalhar com alguém seja um cantor português ou internacional.

M.L: Como vê atualmente a música portuguesa em geral?
C.T: Como já referi atrás, os meus gostos musicais direcionam-se muito para à música internacional. A música portuguesa (da minha perspetiva), acho que é pouco valorizada nos dias que decorrem. Temos realmente muitos artistas (e muito bons naquilo que fazem) que não têm a carreira que mereciam. O mundo artístico em Portugal (para além da música: arte no geral como a representação por exemplo) atualmente não obtém o valor que deveria, ninguém aposta... Mas também temos de ver que o país está a viver uma grande crise financeira, o que condiciona tudo o resto.

M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
C.T: Sem dúvida! Esse é o meu verdadeiro sonho.

M.L: É filha da cantora Nucha. Como vê o percurso que a sua mãe fez até agora?
C.T: Orgulho-me muito do percurso profissional da minha mãe independentemente dos estilos pelos quais enveredou. É uma profissional excelente, um verdadeiro "bicho de palco" como costumo dizer. Admiro-a em todos os sentidos. É claro que há sempre preferências e nisso tenho mesmo de sublinhar que adorei a aposta que fez neste último CD que acabou de sair há umas semanas atrás. O álbum "Num Instante Tudo Muda" é sem dúvida a "cara" da minha mãe, enquanto intérprete demonstrando o seu lado mais tranquilo, calmo, sereno. Recomendo!

M.L: Gostava de experimentar outras áreas como por exemplo a representação?
C.T: Por acaso, sempre tive bastante curiosidade em experimentar a área da representação. Não posso comparar ao meu sonho de cantar, mas é uma área que me cativa bastante e quem sabe um dia não experimente mesmo... A fotografia também sempre foi algo que me fascinou, é outra das minhas grandes paixões.

M.L: Como vê o futuro da Música em geral nos próximos anos?
C.T: Acho que só, quando chegarmos lá é que iremos saber. O futuro é incerto, tudo muda de um momento para o outro. Se formos a falar de música num dia o que está na moda é ouvir Rock, noutro já é Rap e atualmente penso que seja a música eletrónica. E isso vê-se pelas tendências que a maioria dos grandes artistas estão a adotar. Tudo irá depender do que o público quererá e gostara de ouvir. Nos dias de hoje visualizo "um mundo de DJ's", eheheh.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
C.T: Tenho recebido convites para alguns projetos vocacionados para um estilo eletrónico (música House) por parte de alguns DJs nacionais. No passado dia 19 de Fevereiro de 2012 foi lançada uma música na qual participo como vocalista. Chama-se "Moving On", é da autoria do DJ/Produtor Mike C (um jovem bastante promissor que com apenas 17 anos de idade já tem algumas faixas editadas e lançadas em CD's). Para terem acesso à música, isto é, poderem ouvir e partilhar com outras pessoas basta irem às nossas Páginas oficiais no Facebook que estão sempre a ser atualizadas:


É importante referir que não considero como o meu primeiro original, mas sim como uma participação. Gostava de seguir uma linha mais virada para o Blues, Pop-Rock, Soul... E é claro que irei continuar a investir nos covers, algo que me dá imenso prazer em fazer.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
C.T: Adorava viajar para todo o lado, de palco em palco como as minhas grandes referências musicais o fazem. É um sonho: gravar um CD original em inglês dentro do estilo que gosto que tenha significado e com o qual as pessoas se possam identificar.

M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da sua vida? 
C.T: Gostava de ter controlo sobre o meu futuro mais propriamente dedicar-me por inteiro à música. Contudo, é algo que só com uma estrelinha da sorte o farei. Por agora, irei continuar a estudar, tirar um curso superior noutra área (provavelmente dentro da comunicação social/jornalismo) e fazer disso a minha prioridade. A música é apenas um hobbie e quem sabe, uma segunda profissão se assim tiver de ser.ML

quarta-feira, 28 de março de 2012

Mário Lisboa entrevista... Dalila Carmo

Olá. A próxima entrevista é com a atriz Dalila Carmo. Natural do Porto, interessou-se pela representação aos 15 anos e desde aí desenvolveu um percurso que passa pelo teatro, pelo cinema e pela televisão (onde entrou em produções como "Diário de Maria" (RTP), "Todo o Tempo do Mundo" (TVI), "Jardins Proibidos" (TVI), "Filha do Mar" (TVI), "Morangos com Açúcar" (TVI), "Ninguém como Tu" (TVI), "A Outra" (TVI) e "Equador" (TVI), atualmente vive entre Lisboa e Madrid, é vice-presidente do Conselho Fiscal da Academia Portuguesa de Cinema que é equivalente à Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood e recentemente participou na telenovela "Sedução" (TVI) e na longa-metragem "Florbela" de Vicente Alves do Ó que estreou no passado dia 8 de Março e onde interpretou a poetisa Florbela Espanca. Esta entrevista foi feita por via email no passado dia 29 de Novembro.

M.L: Recentemente protagonizou a longa-metragem “Florbela”, onde interpretou a poetisa Florbela Espanca. Como correu este trabalho?
D.C: O trabalho correu muito bem! Vivi em dor (pela carga e pela dureza das cenas) e simultaneamente em estado de graça, durante dois meses. Um guião incrível, um realizador que adoro e com quem já tinha trabalhado no anterior projeto dele, o "Quinze Pontos na Alma" e agora esta personagem maravilhosa. Foi lindo e emocionante. Só guardo boas memórias do projeto que ainda não está terminado. Está em pós-produção e há sempre umas afinações. Preciso muito de voltar a ele. Foi difícil chegar ao fim das filmagens.

M.L: Como é que surgiu este projeto?
D.C: O Vicente Alves do Ó resolveu pegar na Florbela por achar que é uma figura da nossa literatura muitas vezes subestimada e por quem muita gente sente um certo preconceito. Ora porque escrevia sonetos, ora pela sua natureza arrebatadora... quis pegar nela pela sua humanidade. E disse-me desde o princípio que estava a escrever o guião para mim. Foi a melhor prenda que tive na vida. Se tivesse ido a um casting jamais teria ficado. Ela tinha o nariz e a boca pequenos e eu não. E ao Vicente interessava-lhe outra coisa.

M.L: Como é que fez a pesquisa para se preparar para o papel?
D.C: Comecei por reler toda a obra dela. Além do que estudamos no liceu nunca tive uma "fase Florbela" como acontece a tanta gente na adolescência por exemplo. Precisei de lê-la com outra maturidade e noutra perspetiva. A comportamental. Não tanto de analisar o que ela escreve, mas porque o escreve. De onde vem aquela insatisfação, aquela delicadeza, aquela dor. Li todas as biografias a respeito dela, mas todas são contraditórias por isso nós temos sempre uma leitura a partir de outras leituras. Ela própria não se conhecia como o chegou a escrever, por isso será sempre a "minha" Florbela e a tentativa de me aproximar da sua verdade. Também estive com pessoas da sua família que me forneceram informação imprescindível bem com uma antiga aluna dela com uma memória extraordinária e com quem passei uma tarde à conversa. Juntei tudo e tentei dar-lhe forma sem desenhar demais. Não me interessa a forma senão o que ela tem lá dentro.

M.L: Como é que define a Florbela Espanca?
D.C: Uma mulher cheia de contradições, insatisfeita, sofredora, pouco resignada, rebelde, mas uma rebeldia que lhe vem da natureza emancipada e visionária e não por contestação gratuita. Ela era muito vulnerável e sensível. Uma das coisas que a Sra. Dona Aurélia Borges (a sua aluna) me contou é que ela ficava logo de lágrimas nos olhos, quando a contrariavam nem que fosse numa crítica a um chapéu que estivesse a usar. Não era excêntrica por provocação. Era, porque não se encaixava nos padrões da época. Nasceu fora do seu tempo. Era um espírito livre.

M.L: “Florbela” é realizada por Vicente Alves do Ó com quem já trabalhou anteriormente. Como foi trabalhar com ele?
D.C: Do Vicente só consigo dizer maravilhas. É um dos meus melhores amigos e é complicado separar. É uma amizade que nasceu no trabalho. Na cumplicidade. Ele é um contador de histórias, a cabeça dele não pára de produzir ideias e para mim é maravilhoso tentar dar-lhes forma. Além disso, ele não se deixa trair pelo ego como muitos realizadores. Sabe o que quer e é firme nas suas convicções, mas é completamente aberto ao diálogo e às propostas das pessoas. Adoro-o!

M.L: Que expectativas tem em relação a este projeto?
D.C: Todas. Que fique um filme lindo e que toque nas pessoas. Faz falta humanidade no nosso cinema. É um filme de sangue, suor e lágrimas. Para mexer com as pessoas. E obviamente tenho expectativas que faça muitos espectadores. Merecemos isso e merecemos continuar com o pouco cinema que se faz em Portugal.

M.L: Como classifica este projeto?
D.C: Não é um biopic tradicional. O caroço central do filme passa-se em 4 dias da vida da Florbela. Não vai ser a tradicional história desde o berço até ao fim da vida dela. São (isso sim) 4 dias, onde se passa muita coisa e o acontecimento central da vida da Florbela que não vou dizer qual é.

M.L: Anteriormente participou na telenovela “Sedução” (TVI). Que balanço faz da sua participação neste projeto?
D.C: Foi bom fazer a novela do Rui (Vilhena). Já nos conhecemos bem e a linguagem um do outro. Tenho sempre a minha ideologia que se deveria trabalhar a outro ritmo e noutras condições, mas isso vem com o tempo acho eu. Também preciso de fazer televisão de vez em quando. Dá-nos muita ginástica… é um trabalho muito difícil e injustamente subestimado por certas pessoas do meio. Trabalha-se muito. É uma escola também e há grandes profissionais.

M.L: Como é que surgiu o interesse pela representação?
D.C: Aos 15 anos no Porto. Estava a descobrir-me e o teatro pareceu-me o caminho. Também pela componente lúdica que envolvia um curso de teatro. Preciso muito disso.

M.L: Fez teatro, cinema e televisão. Qual destes géneros que lhe dá mais gosto em fazer?
D.C: Depende dos projetos. Gosto dos 3 géneros se o projeto for de qualidade. Preciso de ir alternando.

M.L: Qual foi o trabalho num destes géneros que a marcou, durante o seu percurso como atriz?
D.C: Teatro foram “As Vidas Publicadas” de Donald Margulies encenado pela Marcia Haufrecht. Foi o meu projeto. Televisão foi o "Diário de Maria" (RTP), porque era o primeiro em TV e foi super-difícil. E cinema foi sem dúvida, a “Florbela”.

M.L: Desde os últimos anos que é uma presença regular nas telenovelas. Este é um género televisivo que gosta muito de fazer?
D.C: Também já respondi a isso. Gosto de ir alternando. Mas em TV prefiro outros formatos como mini-séries ou telefilmes.

M.L: Como lida com a carga horária, quando grava uma telenovela?
D.C: Durmo pouco e não vejo ninguém, durante 9 ou 10 meses. Sou pouco resistente fisicamente. Não há espaço para mais nada.

M.L: Um dos seus trabalhos mais marcantes em televisão foi a telenovela “Filha do Mar” (TVI), onde interpretou a personagem Marta Barquinho. Que recordações leva desse trabalho?
D.C: Foi muito marcante para mim. Tenho grandes memórias desse trabalho.

M.L: Qual foi o momento que a marcou, durante o seu percurso como atriz?
D.C: Todos. Em cada projeto saímos com uma coisa nova. É difícil responder.

M.L: Como vê atualmente o teatro e a ficção nacional?
D.C: É estranho juntar as 2 coisas na mesma resposta. Uma tem uma conotação mais cultural e a outra de entretenimento. Acredito nas duas. Mas também acho que ainda ninguém percebe que no teatro e no cinema é preciso investir. O cinema é uma arte cara... são respostas muito longas. Podíamos falar só disso e ainda tenho muitas perguntas para responder.

M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
D.C: Acho que todos os atores gostariam. Mas não o faço a qualquer preço. Há valores afetivos que se levantam e que me impedem de pôr isso à frente do resto para investir tempo e dinheiro numa carreira internacional.

M.L: Vive entre Lisboa e Madrid, mas nasceu no Porto. Já alguma vez se arrependeu de ter decidido ir viver para Lisboa?
D.C: Nunca! ADORO Lisboa.

M.L: Está com quase 40 anos. Como é que se sente ao chegar a esta idade?
D.C: Tenho 37. Ainda faltam 3! Sinto-me como um bebé de uma certa idade.

M.L: Que balanço faz da sua carreira?
D.C: Positivo. Tenho tido grandes lições não só a nível profissional como de vida. Sou uma sortuda por poder viver tanta coisa e com tanta intensidade.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
D.C: Vou fazer um papel pequenino numa mini-série espanhola em Dezembro, aguardo instruções da TVI com quem estou desde 1998, vou fazendo castings, tenho uma possibilidade de fazer uma peça por aqui também... várias coisas das quais ainda não posso adiantar nada de muito concreto.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
D.C: Falta-me fazer tudo. Uma personagem que sempre adorei foi a Menina Júlia de Strindberg. Ou tantas do Tennessee Williams... mas acredito que está tudo por fazer. Uma coisa boa é que fui perdendo um pouco a ansiedade. Não quero ser tudo nem fazer tudo. Tenho muitos sonhos e objetivos, mas lido com uma coisa de cada vez. E sempre com tempo e disponibilidade para ter "uma vida" compatível com o trabalho. Se pudesse trabalhava 6 meses e os outros 6 passava a viajar e a olhar só para as coisas. O resto, o tempo o dirá.

M.L: Se não fosse a Dalila Carmo, qual era a atriz que gostava de ter sido?
D.C: A minha heroína é a Anna Magnani. Mas só ela pode ser ela própria. Nunca quis ser outra pessoa.ML

terça-feira, 27 de março de 2012

Brevemente...

Entrevista com... Dalila Carmo (Atriz)

Mário Lisboa entrevista... Helena Cristina Teixeira

Olá. A próxima entrevista é com a administradora da loja InDiscreta Helena Cristina Teixeira. Começou por ser modelo tendo sido 2ª Dama de Honor no concurso "Miss Portugal" em 1989, o que a levou a representar Portugal no concurso "Miss Beleza Internacional" no Japão, em 2001 estreou-se na escrita com o livro "Nina", onde fala sobre a sua experiência de ter vivido no Japão tendo escrito o livro para homenagear o seu falecido pai e em 2006 cria a loja InDiscreta que é uma loja reconhecida a nível nacional e internacional e cujo o objetivo é comercializar e até representar em regime de exclusividade Aparelhos de Estética com as mais recentes tecnologias da qual as pessoas podem utilizar em suas casas. Esta entrevista foi feita por via email no passado dia 31 de Janeiro. 

M.L: Como é que surgiu a ideia de criar a loja InDiscreta?
H.C.T: Após ter tido o meu primeiro filho, a minha vida mudou por completo. A falta de tempo para mim tornou-se numa constante, a sua gestão teve que passar a ser rigorosíssima e de acordo com as minhas novas prioridades. O meu corpo sofreu alterações significativas para as quais nenhuma mulher se sente preparada: passamos a ter a maior felicidade do Mundo a de sermos mães, mas não deixamos de nos querer cuidar e de tentar recuperar a boa forma para nos sentirmos bem connosco próprias, recuperar a nossa auto-estima e as roupas que teimam em permanecer penduradas no roupeiro como se de um passado longínquo se tratassem. Fiz alguns tratamentos em esteticistas, mas rapidamente me apercebi que os resultados não estavam a ser muito evidentes e que mesmo assim para os conseguir e o mais difícil para os manter teria de gastar muito mais dinheiro, o que era incomportável para mim. Para além disso, perdia imenso tempo com deslocações, marcações, esperas, algo que se tornaria impossível e o tratar de nós próprias acaba obrigatoriamente por ter que passar para segundo plano, foi o que aconteceu comigo. Sonhei então acordada e imaginei que algum dia todos os tratamentos que eu precisava de fazer naquela altura e outros que sempre desejei poder fazer em minha casa haveriam de surgir para eu fazer, quando tivesse um pouco de tempo disponível para mim própria e da forma ideal: com aparelhos que fossem meus sem custos acrescidos, sem ter a obrigação de horas marcadas e com total confiança... Depois pensei melhor, investiguei e decidi que seria eu própria a criar este conceito completamente novo. Uma empresa com princípios e valores baseada na honestidade, na credibilidade com recomendação médica e responsável médico para ser possível aconselhamento clínico e atendimento personalizado aos nossos clientes. Apostei em aparelhos eficazes, inovadores, muitos deles exclusivos da marca InDiscreta, que permitem a todas as pessoas poderem cuidar de si em suas casas de forma muito simples e segura, com um investimento mínimo quando comparamos os preços com os mesmos tratamentos praticados por grande parte dos profissionais. Sendo assim, realizei o meu sonho e o de muitas outras pessoas que pensam como eu. Pouco depois percebi que poderia ainda ajudar mais pessoas noutro sentido que não havia idealizado: os profissionais na área da Estética com menos recursos económicos. São pessoas que querem trabalhar, mas que por grandes voltas que a vida lhes deu, muitos ficaram sem nada ou com pouquíssimo e não podendo adquirir aparelhos “ditos” profissionais devido ao investimento avultado começaram rapidamente a ver na InDiscreta, uma forma de adquirir por um custo muitíssimo mais baixo e grande parte das vezes a prestações sem juros, os nossos aparelhos um a um angariando clientes e conseguindo crescer com a nossa ajuda. Muitos deles cobram por isso aos seus clientes, um valor menor por sessão/tratamento beneficiando muito mais quem precisa destes tratamentos, mas que prefere que seja um profissional a fazê-los. É algo que obviamente muito me orgulha e criei mais uma direção para à minha empresa: bases de apoio a estes profissionais proporcionando-lhes a realização de lay out para poderem imprimir os seus próprios panfletos e pondo-os também à vontade para entrarem em contato connosco cada vez que lhes surja alguma dúvida do foro clínico no que diz respeito ao seu universo de clientes. Tudo isto sem custos acrescidos. Mais uma vantagem de ser cliente InDiscreta!! Também existem cabeleireiros e clínicas bem estabelecidos no mercado que recorrem aos nossos aparelhos: sobretudo pela Plataforma Oscilante e Vibratória Fat Drainer, um exclusivo nosso e a única recomendada por Médicos Especialistas Portugueses, o que para estes profissionais, obviamente faz toda a diferença.

M.L: A InDiscreta existe desde 2006. Que balanço faz destes últimos 5 anos e meio de existência da loja?
H.C.T: Tem sido fantástico. A InDiscreta surgiu logo com uma novidade absolutamente inovadora e exclusiva: o aparelho de Luz Intensa Pulsada para tratamento de rugas, manchas, acne, rosácea e o alívio de lesões/dores osteotendinosas e de seguida lançamos o 1º aparelho de Fotodepilação para uso em casa, na altura a Laser pulsado, agora já temos a mais recente tecnologia por Luz Intensa Pulsada. Com a nossa constante procura de novidades fomos encontrando tratamentos eficazes e seguros para resolver praticamente todos os problemas de estética que as pessoas maioritariamente gostariam de poder ver tratados sem terem que estar eternamente a pagar as sessões de manutenção. Sabe-se que não existem tratamentos definitivos e todos eles requerem manutenção, esta é a principal razão que fazem os nossos aparelhos tão procurados, atrativos e económicos. Mais tarde, lançamos a Plataforma Oscilante e Vibratória Fat Drainer que continua a ser a única recomendada por médicos especialistas portugueses, trabalha todo o corpo desenvolvendo exercício físico de qualidade e sem esforço com inúmeros benefícios estéticos e clínicos, também alguns aparelhos para tratar as gorduras localizadas e celulite bem como tonificação muscular direta estimulando o tecido conjuntivo sendo o último destes aparelhos, o poderoso Sismo Tapping que faz massagens exclusivas Tapping, de percussão, contínuas e constantes em conjunto com a Luz dos Infra-vermelhos, são aparelhos exclusivos que têm feito toda a diferença na minha vida e na vida dos nossos clientes. Juntamos a estes tratamentos, a Escova de Laser e Iões que trata e trava a queda de cabelo através da emissão de laser de baixa frequência e iões negativos: algo completamente inovador e que veio revolucionar este mercado visto que ao contrário de loções, shampoos que atuam pouco mais do que apenas à superfície da pele, o modo de ação deste aparelho vai mais longe e todos os nossos clientes mostram um entusiasmo e uma felicidade, quando nos falam acerca destes resultados também. Juntamos ao nosso portfolio e de acordo com as necessidades expostas pelos próprios clientes, uma excelente gama de Secadores, Alisadores e Modeladores para o cabelo para além de aparelhos inteiramente direcionados aos homens visto que constituem também uma grande percentagem dos nossos clientes. Estes tratamentos dão uma nova dimensão aos tratamentos capilares em casa. Dou o exemplo de um dos nossos alisadores que permite secar e esticar o cabelo ao mesmo tempo com efeito antifrizz para um cabelo lisinho mesmo nos dias mais húmidos, perfeito em poucos minutos tal como se tivéssemos acabado de sair do cabeleireiro!! Os nossos Embaixadores são o conceituado modelo Afonso Vilela desde o início e desde há um ano a esta parte, a bonita modelo Filipa de Castro por quem tenho muita estima e que têm desenvolvido uma excelente prestação para a nossa marca. Reunimos todos os ingredientes para uma credibilidade total e ainda temos para além da loja na internet (www.InDiscreta.pt) que nos permite vender para todo o país e também para o estrangeiro, a nossa loja aberta ao público na Parede, uma criação exclusiva do prestigiado arquiteto e professor Fernando Hipólito.

M.L: Como tem sido a adesão do público à loja nestes últimos 5 anos e meio?
H.C.T: Ao fim destes anos no mercado ainda continua a existir o amor à 1ª vista por parte de quem nos visita pela primeira vez e continuamos a verificar o sentimento de surpresa total por tantos tratamentos que muitas pessoas julgavam ser impossíveis de serem efetuados nas suas próprias casas e aqui os encontram. Depois existe a felicidade dos resultados que obtêm com qualquer um dos nossos aparelhos. Muitos destes clientes acabam por fazer planos para irem adquirindo aos poucos os nossos aparelhos de acordo com as suas prioridades, o que realmente é muito gratificante perceber todos os dias que fazemos a diferença na vida de muitas pessoas.

M.L: Quais são os próximos objetivos da InDiscreta para o futuro?
H.C.T: O nosso conceito incentiva as pessoas a passarem mais tempo de qualidade em suas casas. Iremos continuar a desenvolver áreas de negócio que irão surpreender a todos e contribuir para que hajam mais motivos felizes para que toda a família se reúna em casa.

M.L: Também teve experiência como modelo tendo sido 2ª Dama de Honor no concurso “Miss Portugal” em 1989, o que a levou a representar Portugal no concurso “Miss Beleza Internacional” no Japão. Que recordações leva dessa experiência?
H.C.T: São recordações muito felizes numa altura em que o país parava para ver as “Misses”. Ter sido distinguida como uma das portuguesas mais bonitas do ano em que concorri foi um privilégio, mas foram as experiências de vida que esse prémio me trouxe que realmente me marcaram para sempre. Fui concorrer ao Japão, onde também fui premiada com um título internacional, o que foi um grande orgulho e depois os convites que surgiram para trabalhar no Japão. Sempre me senti muito grata por me terem sido dadas estas oportunidades que considero únicas na vida de uma jovem.

M.L: Em 2001 estreou-se na escrita com o livro “Nina”, onde fala sobre a sua experiência de ter vivido no Japão. Como é que surgiu a ideia de escrever este livro?
H.C.T: Durante anos, o meu Querido Papá sempre mostrou desejo que eu passasse para o papel todas as minhas bonitas experiências sobretudo as vividas, quando morei em Tóquio. Sempre tive uma vida profissional muito intensa e o meu tempo livre era dedicado a cuidar de animais abandonados, valores que me foram transmitidos pelo meu pai e ele próprio me/os ajudava. A escrita para mim sempre foi uma paixão, não tendo pretensões de me intitular escritora porque não sou, mas é algo que me dá muita paz e conforto. Eu achava que teria todo o tempo do mundo para mais tarde em alguma altura mais calma da minha vida poder cumprir esta vontade do meu pai sem pressas e sem data marcada já que sempre acreditei que ainda tanto teríamos para viver... Quando o meu Papá partiu de forma muito precoce no início daquele ano 2000 recordei este seu antigo desejo. Achei que seria uma forma de estar mais perto dele e de o homenagear escrevi finalmente o livro. Liguei ao Joaquim Letria que me havia entrevistado num seu programa de televisão e por quem tenho muita admiração, contei-lhe o sucedido e ele gentilmente prontificou-se a escrever o lindo prefácio que muito me emocionou. Chamei-lhe “Nina”, pois era o nome pelo qual o meu Papá carinhosamente me tratava.

M.L: Como foi a reação do público a este livro na altura do seu lançamento?
H.C.T: Para à família e amigos foi uma surpresa total apesar de já estarem habituados à minha determinação. Não estavam à espera, porque eu nunca havia falado sobre isso. Recebi críticas muito agradáveis e pedidos de conselhos de jovens aspirantes a modelo. O prefácio do Joaquim Letria foi muitíssimo elogiado por todos.

M.L: Já alguma vez pensou em voltar a escrever?
H.C.T: Entretanto, já escrevi e publiquei um romance. Mas mais um livro, para já não está nos meus horizontes.

M.L: Houve algum trabalho que a tenha marcado, durante o seu percurso profissional?
H.C.T: Tantos... Destaco recentemente ter aceite o convite por parte da produção do programa “Você na TV!” da TVI pelo qual fiquei muito grata. Fui entrevistada pela excelente apresentadora Cristina Ferreira e contei com a agradável presença da nossa embaixadora Filipa de Castro. Nunca imaginei que o poder de uma entrevista na primeira pessoa pudesse trazer-nos ainda mais sucesso nacional e também internacional após estes anos todos de tanto publicitarmos os nossos aparelhos em vários meios de comunicação social. Foi uma agradável surpresa.

M.L: Como vê atualmente a Moda em Portugal?
H.C.T: Gosto de ver as brilhantes criações dos nossos estilistas, os desfiles, o trabalho dos modelos e fico muito satisfeita por hoje em dia a carreira de manequim ser intemporal, eu própria na minha empresa sigo essa linha. O último desfile que assisti foi o da apresentação da bonita coleção Didi Mara pela talentosa estilista Diana Matias, um evento muito bonito e uma coleção deslumbrante. Recomendo!

M.L: Gostava de ter ficado no estrangeiro?
H.C.T: Foi uma decisão que muito me custou, assumir que não regressava a Tóquio desperdiçando um futuro que se desenhava auspicioso num país que vivia muito à frente do nosso. Hoje compreendo que a minha vida teria que ser em Portugal e todas as respostas foram chegando com o tempo. Sinto-me muito feliz, porque ainda tão jovem tomei a decisão certa.

M.L: Qual foi o momento que a marcou, durante o seu percurso profissional?
H.C.T: Ter tido a coragem de criar a minha própria empresa sem qualquer apoio com todas as dificuldades que já existiam e ainda existem em Portugal, com um conceito completamente novo. Simplesmente, porque acreditei na minha persistência e na minha capacidade de trabalho.

M.L: Como vê o futuro da Moda nos próximos anos?
H.C.T: Em contínua expansão para os mercados internacionais e cada vez mais reconhecida, sem dúvida.

M.L: Qual foi a pessoa que a marcou, durante o seu percurso profissional?
H.C.T: O meu Querido amigo Carlos Castro, porque foi a 1ª pessoa que conheci no meio da Moda e também logo o 1º a acreditar que eu teria um futuro nessa área caso o desejasse.

M.L: Que balanço faz do seu percurso profissional?
H.C.T: Orgulho-me muito, pois sempre consegui tudo a que me propôs com muito trabalho, empenho, dedicação, otimismo e amor.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
H.C.T: Ter mais filhos e o equilíbrio perfeito entre a família e o trabalho.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
H.C.T: Criar uma Fundação de ajuda efetiva aos animais abandonados e incentivar a sua adopção.

M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da sua vida?
H.C.T: Encaro as mudanças com otimismo e acredito que quando acontecem são por um bom motivo, porque tenho sempre muita fé. Ao longo da minha vida, as mudanças sempre ocorreram de forma surpreendente, mas ao mesmo tempo natural: sonhei, desejei, estudei, trabalhei, esforcei-me e consegui. E assim espero que sempre seja. Considero-me uma lutadora e nunca nada me “caiu do céu”. Mas tenho um lado muito avesso às mudanças também: sou uma mulher de rotinas, muito rigorosa quanto aos horários, muito apegada à minha família, aos meus amigos, aos meus animais e aqui não procuro mudanças. Agradeço todos os dias a Felicidade que vivo e o Amor que me rodeia. Esta é a minha maior conquista!ML

domingo, 25 de março de 2012

Brevemente...

Entrevista com... Helena Cristina Teixeira (Administradora da loja InDiscreta)

Mário Lisboa entrevista... António Casimiro

Olá. A próxima entrevista é com o cenógrafo e figurinista António Casimiro. Iniciou a sua carreira em meados dos anos 50 do século passado, mas profissionalizou-se ao entrar para a RTP em 1958 como assistente de Octávio Clérigo e desde aí desenvolveu um longo e respeitado percurso como cenógrafo e figurinista que passa pelo teatro, pelo cinema e pela televisão (onde trabalhou em produções como "Roseira Brava" (RTP), "Médico de Família" (SIC), "Ballet Rose-Vidas Proibidas" (RTP), "Jardins Proibidos" (TVI), "Olhos de Água" (TVI), "Tudo por Amor" (TVI), "Lusitana Paixão" (RTP), "Conta-me como foi" (RTP), "Camilo-O Presidente" (SIC) e "A Sagrada Família" (RTP) e além de cenógrafo e figurinista também tem experiência como pintor e recentemente trabalhou na peça "Vermelho" de John Logan que conta com encenação de João Lourenço e que está em cena no Teatro Aberto até ao próximo dia 27 de Março e atualmente está a trabalhar na peça "A Controvérsia de Valladolid" de Jean-Claude Carrière que conta com encenação de João Mota e que vai estar em cena no Teatro São Luiz de 25 de Abril até 6 de Maio e depois no Teatro da Comuna de 10 de Maio até 17 de Junho. Esta entrevista foi feita no Café Majestic no Porto. 

M.L: Como é que surgiu o interesse pelas artes?
A.C: Olhe, eu fiz um curso de artes na Escola de Artes Decorativas António Arroio, depois da António Arroio fui para à (Escola Superior de) Belas Artes/Arquitetura, não acabei o curso. Entretanto, fui convidado para ir a RTP, mas antes disso trabalhei na Casa da Moeda, Serviço de Artes Gráficas, Secção de Fotografia Offset, mas comecei nos dois ou três primeiros dias por dar serventia na Oficina de Amoedação. Ao fim do dia varria a oficina de ponta a ponta. Aprendi bastante…. Após ter entrado na RTP, fui trabalhar para o teatro como assistente do Mestre Octávio Clérigo iniciando aí a minha carreira como cenógrafo teatral.

M.L: Durante a sua carreira como cenógrafo e figurinista trabalhou em teatro, cinema e televisão. Qual destas áreas que lhe dá mais gosto em fazer?
A.C: Teatro, sem dúvida alguma.

M.L: Qual foi o trabalho que o marcou tanto no teatro, no cinema e na televisão, durante o seu percurso como cenógrafo e figurinista?
A.C: Na televisão, foram as peças de teatro que fiz com Artur Ramos, Oliveira e Costa, Nuno Fradique e os programas musicais com o Luís Andrade. Hoje nomes totalmente esquecidos do grande público e até por especialistas sobre a televisão em Portugal. Realçar uma entre todas é impossível. Com tantos anos de profissão não consigo destacar a mais significativa. Pelo menos neste momento. Porque não a primeira? “O Pescador à Linha” de Jaime Salazar Sampaio com encenação de Artur Ramos no Teatro Nacional D. Maria II em 1963 creio eu e já agora, a última: “Vermelho” de John Logan com encenação de João Lourenço no Teatro Aberto em Dezembro de 2011. Também não esqueço ter sido marcante a minha estadia na TV Globo no Rio de Janeiro a fazer e apoiar na pesquisa cenográfica do seriado “O Primo Basílio” de Eça de Queirós. Como marcante foi anos mais tarde dar todo o apoio à TV Globo, quando vieram produzir em Lisboa “Os Maias”. No cinema, foi significativo trabalhar 12 anos seguidos com Manoel de Oliveira.

M.L: Gostava de ter feito uma carreira internacional?
A.C: Gostava, claro. De certo modo aconteceu, porque fiz trabalhos na Itália, onde fui bolseiro da Fundação (Calouste) Gulbenkian e anos mais tarde do Governo Italiano a convite do Adido Cultural da Embaixada de Itália em Portugal, estagiei durante 10 meses no Centro de Formação da RAI em Florença. Nos anos 90, estive na Antenne 2 em Paris, durante cerca de três meses sobre técnicas de TV a cor e iniciação à cenografia virtual. Por essa data ou talvez antes, a Direção da TV Globo no Brasil convidou-me para elaborar o projeto cenográfico do seriado “O Primo Basílio” de Eça de Queirós. Eu gostava de trabalhar em vários sítios, não para me radicar, mas ser solicitado a demonstrar que no nosso país existem (para além de mim) na área de cenografia e figurinos, profissionais de mérito agradava-me.

M.L: Qual foi o momento que o marcou, durante o seu percurso como cenógrafo e figurinista?
A.C: No teatro, as peças que mais me marcaram no meu trabalho foram as que fiz com encenadores como Artur Ramos, João Mota, (Luís de) Sttau Monteiro, Paulo Renato e tantos outros com destaque para João Lourenço no Teatro Aberto com quem tem existido (a meu ver) uma conjugação de trabalho muito eficiente. No cinema, entre outros, Luís Filipe Rocha, José Fonseca e Costa, Artur Semedo, António de Macedo, Eduardo Geada, Manoel de Oliveira com quem trabalhei como já disse doze a treze anos seguidos.

M.L: Trabalhou na RTP durante vários anos, onde começou em 1958 como assistente de Octávio Clérigo. Que recordações leva do tempo em que trabalhou no canal?
A.C: Imensas são as agradáveis recordações de tantos anos de vivência que ultrapassavam o campo profissional. Para ser sincero, não tenho nenhuma má recordação. Claro que existiram algumas, mas subtraídas pela força das boas. No meu trabalho, não sou um homem de saudade, isso não existe no meu vocabulário, mas sinto sempre uma certa nostalgia. Tenho companheiros… como o Artur Ramos, o Oliveira e Costa, o (Herlander) Peyroteo, o Nuno Fradique na televisão com omissão imperdoável de muitos. No teatro cito nomes como (novamente) Artur Ramos, Varela Silva, Costa Ferreira, Francisco Ribeiro (Ribeirinho), Maria Helena Matos, Armando Cortez, Carlos Avillez (ainda vivo dirigindo o Teatro Mirita Casimiro em Cascais com Escola Superior de Teatro agregada) e ainda o caso muito especial de Jorge Listopad em televisão e no teatro.

M.L: Como vê atualmente a RTP?
A.C: Acho a RTP, a melhor cadeia de televisão com todos os problemas que tem. Talvez não seja a estação de televisão de maior audiência, eu não sei sinceramente… se calhar a de mais audiência é a TVI ou coisa assim. Mas a RTP1 é de fato, o canal que tem uma programação muito positiva e o Canal 2 emparceira significativamente com as melhores televisões europeias.

M.L: Um dos seus trabalhos mais marcantes em televisão foi a série “Ballet Rose-Vidas Proibidas” (RTP), onde partilhou o trabalho de cenografia com Miguel Sá Fernandes como fez várias vezes. Que recordações leva desse trabalho?
A.C: Foi grande a experiência de trabalhar com um homem que depois foi para à Câmara de Santarém (Francisco Moita Flores). Não esquecendo um realizador, execional nome do cinema português (Leonel Vieira) e toda uma equipa. Com o Miguel Sá Fernandes com quem continuo a trabalhar de parceria em televisão. “Ballet Rose” foi para mim em televisão, uma fase positiva com muito interesse no campo dos seriados tal como sucedeu com "A Raia dos Medos" (RTP) também uma produção com o timbre do Moita Flores, mas infelizmente com a ausência do Leonel Vieira substituído por Jorge Paixão da Costa.

M.L: Como foi trabalhar com Leonel Vieira?
A.C: O Leonel Vieira tinha vindo de Espanha, onde tinha acabado de fazer um curso em Madrid e veio fresquinho que nem um alface e até refrescou as coisas. É um realizador dinâmico, versátil, um ótimo companheiro de trabalho.

M.L: Costuma trabalhar nas produções do João Lourenço no Teatro Aberto. Como é trabalhar com ele?
A.C: É trabalhar com um homem que sabe muito de teatro e que sabe o que quer. É um homem que define o caminho e que segue esse caminho… É trabalhar em comum, ele tem uma determinada criatividade que se conjuga com a minha e isso é bom. Detesto trabalhar com encenadores e realizadores que não sabem o que querem e estão à espera que o cenografista apareça com desenhos, propostas e maquetes volumétricas, a chamada “papa feita” para começarem a marcação e concretização do espaço cénico antecipadamente definido pelo cenógrafo. Com o João Lourenço existe uma árvore que vai dando frutos, natural e pacientemente numa busca constante.

M.L: Como vê atualmente a cultura em Portugal?
A.C: A cultura está bem… O mal está em quem assume a gestão formal de a conduzir num país de telenovela.

M.L: Qual foi a figura da cultura portuguesa que o marcou, durante o seu percurso como cenógrafo e figurinista?
A.C: Duas. Estranhamente, um professor: Mestre Abel Manta (Pai) e uma professora: Estrela Faria (Estrela da Liberdade Alves Faria significativamente nascida a 5 de Outubro de 1910). Ambos esquecidos ainda que com muita obra espalhada em Portugal.

M.L: Que balanço faz da sua carreira?
A.C: O que fiz até agora considero positivo, embora (claro) com algumas nódoas. Tinha que ser.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
A.C: Acabei a cenografia da peça “Vermelho” de John Logan sobre parte de um percurso da vida do Pintor Marc Rothko e estou a prestes a concretizar o cenário para uma encenação do João Mota: “A Controvérsia de Valladolid” de Jean-Claude Carrière, peça com que a Comuna-Teatro de Pesquisa vai celebrar os seus 40 anos de existência no Teatro São Luiz.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
A.C: Encenar uma peça. Não me atrevo, sei quais são as minhas limitações.

M.L: Se não fosse o António Casimiro, qual era a figura da cultura portuguesa que gostava de ter sido?
A.C: Mestre Júlio Pomar.ML