segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Mário Lisboa entrevista... Mariana Norton

Olá. A próxima entrevista é com a cantora e atriz Mariana Norton. Filha da escritora Cristina Norton, desde muito cedo que se interessou pela música e pela representação e enquanto cantora tem-se dedicado nos últimos anos essencialmente à música  jazz e partilhou o palco por exemplo com Júlio Resende e com Paula Oliveira, enquanto atriz passou pelo teatro, pelo cinema e pela televisão (onde entrou em produções como "Bons Vizinhos" (TVI), o remake da telenovela "Vila Faia" (RTP), "Liberdade 21" (RTP) e "Perfeito Coração" (SIC) e além da música e da representação também tem experiência como locutora tendo emprestado a sua voz em vários anúncios publicitários e filmes institucionais e é professora de voz na Escola de Jazz do Hot Clube (atual Escola de Jazz Luiz Villas-Boas) em Lisboa e atualmente faz parte do novo grupo do músico de jazz Bruno Santos intitulado Troika Ensemble. Esta entrevista foi feita por via email no passado dia 12 de Setembro.

M.L: Como é que surgiu o interesse pela música e pela representação?
M.N: Surgiu de uma forma natural. Através de brincadeiras com os meus irmãos: os programas de rádio, os pequenos teatros que inventávamos para mostrar aos mais velhos. As peças de teatro na escola. E a vontade começou a crescer. Sentia-me bem em palco e a interpretar personagens. A música também me acompanhou desde pequena, o meu brinquedo preferido era uma rádio e um mini-gira-discos. Gostava de cantar, mas era uma coisa mais pessoal. Cantava para mim no meu quarto, no duche (claro!), inventava melodias, mas não gostava que me ouvissem, eram os meus momentos. Só bem mais tarde, quando percebi que aquilo de que gostava tanto também agradava aos outros é que muito lentamente comecei a pensar na ideia de cantar mais a sério.

M.L: Como atriz fez teatro e televisão, mas pouco cinema. Gostava de trabalhar mais nesse género?
M.N: Claro!

M.L: Qual foi o trabalho que a marcou tanto como cantora e como atriz?
M.N: É difícil escolher, todos os trabalhos nos marcam de alguma maneira. Mas posso dizer que ter participado em "Confissões de Adolescente" marcou uma viragem na minha maneira de ser e de pensar como atriz. O contato com atrizes tão talentosas e mais novas que eu, mas que estavam nesse mundo desde pequenas foi extraordinário, uma ótima experiência e aprendizagem.

M.L: Já fez telenovelas. Este é um género televisivo que gosta muito de fazer?
M.N: A conversa que se ouve constantemente sobre os horários, a exigência, a rapidez com que se faz as coisas não é um mito. Mas eu penso que o que interessa mesmo é o trabalho que fazemos, a dedicação à nossa personagem e a aprendizagem e experiência que se adquire. Quer seja televisão, cinema ou teatro, o mais importante é isso: fazer o melhor possível.

M.L: Como lida com a carga horária, quando grava uma telenovela?
M.N: Acho que mais do que a carga horária é difícil lidar com o fato de não sabermos como vai ser a semana seguinte. Mas é uma questão de mentalização: este é o trabalho que me propus fazer agora e estas são as condições, portanto vamos a isso. Confesso que não sei bem como fiz uma licenciatura, concertos e dei aulas no Hot Clube ao mesmo tempo que estava em gravações, mas tudo é possível, dorme-se pouco, mas somos felizes! Atenção, também tive a sorte de trabalhar em projetos cuja produção era fora de série e me ajudaram a conseguir conciliar tudo.

M.L: Um dos seus trabalhos mais marcantes em televisão foi o remake da telenovela “Vila Faia” (RTP), onde interpretou a personagem Mariana Marques Vila. Que recordações leva desse trabalho?
M.N: Muitas! Levo comigo o prazer enorme de ter feito parte de uma produção dessa envergadura, de ter feito parte desse passo e do crescimento de uma produtora como a SP (Televisão), de ter conhecido atores que me inspiraram, ensinaram e alguns que se tornaram amigos até hoje. Por outro lado, foi a primeira vez que tive de lidar com a tal carga horária de que falávamos sendo que essa foi a parte mais difícil. Já não trabalhava em televisão há uns anos e tinha feito sempre pequenos papéis, estava habituada ao ritmo do teatro e tive de me adaptar.

M.L: Como é que se sentiu ao saber que ia integrar o elenco do remake da primeira telenovela portuguesa?
M.N: Fiquei muito contente. Não estava nada à espera e acho que foi uma sorte que o António Cordeiro (diretor de atores de "Vila Faia") se tivesse lembrado daquela "miúda" com quem tinha trabalhado nas gravações dos "Bons Vizinhos" (TVI) para fazer o casting. E foi uma honra ter sido escolhida para fazer de filha da Suzana Borges e do Virgílio Castelo e de neta da Simone (de Oliveira)!

M.L: Qual foi o momento que a marcou tanto como cantora e como atriz?
M.N: Há tantos momentos marcantes! Mas por exemplo, fiz parte de um projeto no CCB dirigido por um artista plástico italiano chamado "O Prazer da Beleza". Éramos só atrizes. Eu era a mais nova e mais inexperiente e a Glicínia Quartin a mais velha (mais uma vez que honra estar ali). Na altura, achava que ainda estava só a experimentar "ser atriz", mas quando num exercício, uma das raparigas pôs a tocar o "Beatriz" de Edu Lobo e Chico Buarque que nunca tinha ouvido antes não consegui conter as lágrimas e percebi que era inevitável, iria ser atriz. Como cantora, talvez tenha sido a primeira que pisei o palco do Hot Clube numa jam session. É um clube histórico que sempre admirei e respeitei tal como a própria música jazz e ter tido a coragem de dar esse passo e de repente aperceber-me de que estava naquele palco a cantar foi indescritível a sensação! Basicamente, são os momentos únicos em que fazemos algo fora do normal e o conseguimos fazer com toda a coragem e gozo.

M.L: Como vê atualmente a música portuguesa em geral, o teatro e a ficção nacional?
M.N: De uma forma geral, sinto que há um florescimento. Sinto que os preconceitos estão a cair e há cada vez mais alternativas para diferentes gostos. No entanto, ainda sinto que o que é comercial dita a regra e que seria bom que o público arriscasse mais, que não gostasse só daquilo que o vizinho também gosta, daquilo que passa mais vezes na rádio, em primetime na televisão ou num espetáculo com mais projeção mediática. Gostava que houvesse mais interesse no novo e diferente que pode ser igualmente bom ou até melhor. Há muitos artistas em Portugal com vozes novas e diferentes que merecem ser ouvidas.

M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
M.N: Não é uma ideia que ponha de parte.

M.L: Quais são as suas grandes influências, enquanto cantora?
M.N: Ella Fitzgerald, Elis Regina, Björk, Tori Amos, Erykah Badu, Fiona Apple, Beate S. Lech (vocalista de Beady Belle), Maria João, Barbra Streisand. Entre muitas cantoras que admiro foram estas talvez as que mais me assoberbaram, maravilharam e inspiraram. Todas muito diferentes entre si em termos de voz e sua utilização e em termos estilísticos, mas cada uma tem qualquer coisa de especial que as separa das outras. Não quer dizer que hoje ainda as oiça a todas tão amiúde como outrora, mas sem dúvida que marcaram o meu crescimento como cantora.

M.L: Qual foi o concerto que fez e que a marcou até agora?
M.N: Se me é sempre difícil enumerar o melhor ou o mais marcante nesta questão é-me impossível. Em cada etapa do meu caminho como cantora há momentos marcantes nenhum mais do que o outro, apenas diferente. Talvez um dia mais tarde, quando olhar para trás consiga perceber qual foi o mais marcante.

M.L: Qual foi a pessoa que a marcou tanto como cantora e como atriz?
M.N: Numa viagem difícil como esta, as pessoas que me marcaram foram aquelas que acreditaram em mim, me encorajaram e me inspiraram. Pessoas que marcaram sem sequer saber que o fizeram. A palavra certa no momento certo pode mudar a nossa vida.

M.L: Além da música e da representação também tem experiência como locutora tendo emprestado a sua voz em vários anúncios publicitários e filmes institucionais. Este é um tipo de trabalho que gosta muito de fazer?
M.N: Adoro. É um momento em que estou a fazer trabalho de atriz, mas só concentrada na voz. É um lugar muito confortável para mim para além de ser interessante, desafiante e divertido.

M.L: É filha da escritora Cristina Norton. Como vê o percurso que a sua mãe fez até agora?
M.N: O destino da minha mãe era ser escritora, mas só mais tarde é que encontrou o espaço e tempo para isso (apesar de ter editado um livro de poesia na Argentina ainda adolescente) e dedicou-se com toda a força, tenacidade e talento e rapidamente se tornou num nome da literatura nacional. O meu pai (José Norton) teve um percurso similar. Apesar de ter sempre adorado história e arqueologia seguiu economia. Mais tarde, as circunstâncias da vida empurraram-no para aquela que é a sua verdadeira vocação e hoje tem quatro biografias publicadas e mais uma a caminho. É com enorme orgulho e felicidade que acompanho o percurso e os livros dos meus pais desde que têm uma ideia até sair o primeiro exemplar. É uma contínua inspiração. Apoiamo-nos muito uns aos outros.

M.L: Recentemente fez 31 anos. Como é que se sente ao chegar a esta idade?
M.N: Com 21, mas com a cabeça no sítio.

M.L: Que balanço faz da sua carreira?
M.N: "So far, so good." como diz o meu pai.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
M.N: O mais concreto é gravar o meu disco. E trabalhar como atriz, sempre.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
M.N: Escrever.

M.L: Se não fosse a Mariana Norton, qual era a cantora ou atriz que gostava de ter sido?
M.N: Estou contente com o que me calhou na "rifa" e raramente imagino o que seria ser este ou aquele, porque acredito e cultivo que temos de ser felizes com quem somos! Mas se pudesse viver uma hora da vida de alguém não me importava de saber como seria cantar como a Ella Fitzgerald ou representar como a Meryl Streep.ML

domingo, 29 de janeiro de 2012

Brevemente...

  Entrevista com... Mariana Norton (Cantora/Atriz)

Mário Lisboa entrevista... Joana Andrade

Olá. A próxima entrevista é com a cantora Joana Andrade. Natural de Santa Maria da Feira, desde muito cedo que se interessou pela música tendo participado em 2008 no passatempo promovido pela RFM "Pontes entre Nós" com Pedro Abrunhosa da qual foi uma das 3 finalistas a concurso e juntamente com a sua banda Os Dagma lançou em 2010, o seu primeiro álbum intitulado "Será que Será" que primou pela originalidade ao tornar-se no primeiro álbum com capa em cortiça tendo-se tornado numa das revelações musicais desse ano e em 2012 lança o seu segundo álbum intitulado "Noite e Dia" que foi apresentado no passado dia 27 de Janeiro no Cine-teatro António Lamoso em Santa Maria da Feira. Esta entrevista foi feita no dia 9 de Fevereiro de 2011 no Fórum Caffé em Santa Maria da Feira na altura em que a entrevistada estava a promover o seu primeiro álbum "Será que Será".

M.L: Como é que está a correr o seu álbum de estreia “Será que Será”?
J.A: Está a correr muito bem. Para já tivemos uma fase de promoção, tivemos já alguns espetáculos, antes de o CD sair e agora estamos numa fase de venda e de espetáculos. Já temos alguns marcados, mas está a correr muito bem.

M.L: Qual foi a reação do público ao seu trabalho de estreia?
J.A: Melhor do que nós estávamos à espera. Foi muito boa. As pessoas têm um feedback muito bom em relação às nossas músicas, às letras e durante os espetáculos mostram precisamente isso, são muito animados e participam connosco. Tem sido muito bom.

M.L: Como é que surgiu a ideia de criar este álbum?
J.A: Olha, a ideia surgiu após vários anos de estar na música, cantar músicas de outras pessoas. Fizemos um percurso de casinos, de festas privadas e tivemos a necessidade de criar alguma coisa nossa e tivemos uma “ponte” que foi o passatempo “Pontes entre Nós” com o Pedro Abrunhosa na qual eu foi uma das 3 finalistas no meio de mil que suscitou-me um bocadinho a vontade de criar algo que fosse meu, que fosse nosso neste caso.

M.L: Quando é que se interessou pela música?
J.A: Desde sempre, desde criança.

M.L: Quais são as suas referências musicais?
J.A: Olha, eu tenho várias referências musicais e nenhuma especifica. Gosto de apreciar todo o tipo de música e a nível de Portugal gosto muito de Pedro Abrunhosa, o Rui Veloso, o João Pedro Pais, entre outros.

M.L: Vive em Santa Maria da Feira. Gostava de passar a trabalhar em Lisboa?
J.A: Não. Gosto muito da minha terra e de cá ter ficado.

M.L: Qual foi o concerto que a marcou até agora?
J.A: Do que me marcou no sentido positivo e negativo, o Festival da Juventude na (Santa Maria da) Feira.

M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
J.A: Eu acho que todo o artista gostaria de fazer uma carreira internacional, mas a minha preocupação neste momento é nacional mesmo, porque é aqui que eu vivo e Portugal é o meu país e estou preocupada neste momento com o público português.

M.L: Qual foi o momento que a marcou como cantora até agora?
J.A: O primeiro espetáculo que dei no Cine-teatro António Lamoso na apresentação do meu CD. Foi um dia inesquecível e foi muito bom pela primeira vez apresentar músicas minhas para tanta gente. Foi muito bom.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
J.A: Música, música, música.

M.L: Qual é a coisa que gostava de ter feito e não tenha feito ainda?
J.A: Mário, isso é complicado ou melhor é difícil de escolher. A prioridade que eu tinha até agora era realmente o lançamento do disco que nunca tinha feito meu. Daqui em diante, é realmente conseguir vingar uma carreira musical no panorama nacional pelo menos.

M.L: Se não fosse a Joana Andrade, qual era a cantora que gostava de ter sido?
J.A: Ivete Sangalo. Pelo espírito.ML

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Mário Lisboa entrevista... Rita Ferro

Olá. A próxima entrevista é com a escritora Rita Ferro. Filha do escritor António Quadros, neta dos também escritores Fernanda de Castro e António Ferro e mãe do humorista Salvador Martinha, desde muito cedo que se interessou pela escrita tendo iniciado a sua carreira como escritora em 1990 com o livro "O Nó na Garganta" e desde aí desenvolveu um bem-sucedido percurso com 21 anos de existência celebrados em 2011 para além de ser também cronista e teve experiências na publicidade e como professora e apresentadora sendo também uma das comentadoras dos programas "Conversas de Raparigas" da Antena 3 e "Moeda de Troika" da RTP Informação e recentemente lançou o seu romance autobiográfico "A Menina é Filha de Quem?", onde revela a sua história de vida tanto pessoal como familiar. Esta entrevista foi feita por via email no passado dia 5 de Setembro (a pedido da entrevistada, esta entrevista não foi convertida sob o novo Acordo Ortográfico).

M.L: Como é que surgiu o interesse pela escrita?
R.F: Foi tão natural como crescer. Sempre gostei de me relacionar com os outros pela escrita. Em pequena, quando queria muito uma coisa dos meus pais era escrevendo que formulava o pedido. E oferecia sempre versos aos meus amigos e a pessoas da família, quando faziam anos.

M.L: Quais são as suas grandes influências, enquanto escritora?
R.F: Não tenho influências conscientes. Nenhuma. Penso que levei um grande empurrão com o realismo mágico do Juan Rulfo e do (Gabriel García) Marquez. Não na forma de escrever, mas na forma de discorrer literariamente. Mas é uma coisa que não transparece e que só eu sei. Digamos que me ajudaram a romper com algumas regras da minha cartilha maternal.

M.L: Qual foi o livro que lhe deu mais prazer em escrever?
R.F: Foi “A Menina Dança?”, porque o processo é diferente de todos. Frase, espaço, frase, espaço. Era fascinante, porque seguia a música como se tocasse de ouvido. Foi muito interessante e surpreendeu-me. O público não adorou, mas isso é outra conversa.

M.L: Qual foi o momento que a marcou, durante o seu percurso como escritora?
R.F: Uma ou outra crítica generosa de pessoas que eu não esperava. São coisas que dão sempre satisfação.

M.L: Além da escrita também é cronista e teve experiências na publicidade e como professora e apresentadora. Qual destas funções em que se sente melhor?
R.F: Publicitária. De longe. Não sinto que tenha a mínima vocação e a mínima pachorra para ser professora. A insolência dos alunos deixa-me histérica.

M.L: Como vê actualmente a Cultura e a Comunicação Social em Portugal?
R.F: Vejo a cultura sempre com grande preocupação, mas não só a nossa. Acho que ela tem obrigação de atrair o homem comum e não é isso que faz normalmente. Isto é verdade para a literatura e para o teatro. Abençoados os que se oferecem para oferecer um produto de transição entre os jornais desportivos e Proust. As pessoas vão aprendendo e apreendendo à medida que vão evoluindo.

M.L: Gostava de ter feito uma carreira internacional?
R.F: Nunca lamentei e não é agora que vou lamentar. Sou muito portuguesa, demasiado portuguesa. 99% dos livros que leio são portugueses, tenho essa limitação tremenda. É uma paixão, sempre foi. Sou menina para vibrar mais com o Raul Brandão do que com o Musil.

M.L: Este ano (2011) celebra 21 anos de carreira como escritora desde que começou com o livro “O Nó na Garganta” em 1990. Que balanço faz destes 21 anos?
R.F: Conseguir aguentar-me e sustentar-me só através da escrita, durante todos estes anos tem sido uma grande, enorme felicidade.

M.L: Qual foi a personalidade da Cultura que a marcou, durante o seu percurso como escritora?
R.F: Talvez a Marguerite Yourcenar que é uma mulher espantosa. Há uma entrevista dela ao Bernard Pivot que ainda tenho presente na minha cabeça. Não já o que dizia, mas as expressões, a forma de falar, a expansão da sua personalidade encantatória. Ainda me lembro da casa com todo o pormenor.

M.L: Actualmente é uma das comentadoras do programa “Conversas de Raparigas” da Antena 3. Que balanço faz do tempo em que está no programa?
R.F: Já lá vão 4 anos de antena, penso. Ou 5. Foi sempre uma diversão e uma fonte de amizade. Aquelas 3 meninas são hoje da minha família. Ou quase.

M.L: Como é que surgiu a ideia de fazer o programa?
R.F: Um convite do Rui Pêgo (director de programas da RDP) que aceitei com muito gosto.

M.L: É mãe do humorista Salvador Martinha. Como vê o percurso que o seu filho fez até agora?
R.F: Vejo com alegria e admiração, porque sei que ele não usa de nenhuma influência para se afirmar. A maioria das pessoas nem sabe que sou mãe dele. Enfim: apresentar dois programas de TV com 27 anos e encher as salas todas, onde actua é um motivo de orgulho. Para além disso, adoro-o e sou grande fã.

M.L: Está com quase 60 anos. Como é que se sente ao chegar a esta idade?
R.F: E se eu não quisesse dizer a minha idade? Ah, esse cavalheirismo que já não é o que era... Como é que eu me sinto ao chegar? Quando chegar saberei, para já nem penso na idade, faltam 4 anos (risos).

M.L: Quais são os seus próximos projectos?
R.F: Um programa de TV e um livro de ajuda, mas não quero ainda falar de nenhum deles.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
R.F: Viajar, durante dois meses com um grupo de amigos e algum dinheiro. É totalmente impossível, mas gostaria muito.

M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da sua vida?
R.F: Gostava (como qualquer pessoa) de não ter de me preocupar mais com a subsistência. Trabalharia na mesma (é claro), mas não por obrigação.

M.L: Se não fosse a Rita Ferro, qual era a escritora que gostava de ter sido?
R.F: Se não fosse a Rita Ferro, não me preocuparia com isso. Sendo, ainda menos, ah! Mas tiro o chapéu à Agustina!ML

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Mário Lisboa entrevista... Cucha Carvalheiro

Olá. A próxima entrevista é com a atriz Cucha Carvalheiro. Irmã do realizador José Fonseca e Costa, estreou-se na representação em 1979 e desde aí desenvolveu um percurso como atriz (onde passou pelo teatro, pelo cinema e pela televisão da qual entrou em produções como "Na Paz dos Anjos" (RTP), "A Grande Aposta" (RTP), "Os Lobos" (RTP), "Olhos de Água" (TVI), "O Olhar da Serpente" (SIC), "Vingança" (SIC), "Flor do Mar" (TVI) e "37" (TVI), encenadora, diretora de atores e escritora tendo sido também diretora artística da NBP (atual Plural), durante dois anos e desde 2009 que é diretora do Teatro da Trindade em Lisboa e recentemente participou na peça "Casamento em Jogo" de Edward Albee que protagonizou juntamente com Rogério Samora e que contou com encenação de Graça P. Corrêa e no telefilme "Noite de Paz" que foi exibido na RTP no último Natal. Esta entrevista foi feita por via email no passado dia 26 de Agosto.

M.L: Recentemente protagonizou juntamente com Rogério Samora, a peça “Casamento em Jogo” de Edward Albee que esteve em cena no Teatro da Trindade. Como é que correu esta peça?
C.C: Correu muito bem sobretudo tendo em conta a época do ano (Junho/Julho) e a crise que já começa a sentir-se na bilheteira. O Teatro enchia às quintas-feiras, porque nesse dia praticamos o preço único de 5 euros e ao domingo, porque os beneficiários associados da Fundação Inatel (sobretudo os da 3ª idade) não gostam de sair à noite preferindo a matinée de domingo. Tivemos uma média de 200 espectadores/dia com alguns dias de lotação esgotada (a sala tem capacidade para 495 espectadores).

M.L: Como é que surgiu esta peça?
C.C: Estava à procura de uma peça para mim e para o ator Rogério Samora com quem tinha combinado trabalhar desde a altura em que fui convidada para dirigir o Teatro da Trindade: estávamos a contracenar na novela “Flor do Mar” para a TVI, quando recebi o convite. A oportunidade de concretizarmos este projeto a dois surgiu agora. Aprecio muito o dramaturgo Edward Albee, esta peça pareceu-me adequada para o tipo de programação que uma sala com as características da sala Principal do TT requer, propus o texto ao Rogério e avançamos.

M.L: A peça foi encenada por Graça P. Corrêa. Como foi trabalhar com ela?
C.C: A relação ator/encenador é sempre complexa. Mas o Rogério e eu somos atores disciplinados e apesar de algumas divergências naturais, durante o processo de ensaios tudo correu pacificamente.

M.L: Em “Casamento em Jogo” interpretou Gillian, uma mulher que durante a peça está em conflito com o marido Jack que foi interpretado por Rogério Samora. Como classifica a sua personagem?
C.C: É uma mulher inteligente, culta, auto-consciente, alegre, com um sentido de humor demolidor. Casada há trinta anos com Jack acumulou uma série de ressentimentos que se prendem com o fato de ele não lhe ser fiel, mas superou-os com inteligência: entre a paixão e o amor, ela escolheu o amor.

M.L: Como foi contracenar com Rogério Samora?
C.C: Foi como sempre, um grande prazer. Quer durante os ensaios, quer já durante a carreira da peça estivemos sempre muito ligados e todos os dias descobríamos coisas novas: é esse o encanto do Teatro, o jogo da presença, o “estar lá todos os dias” a “ouvir” o outro como se fosse pela primeira vez.

M.L: Como tem sido a reação do público a esta peça?
C.C: Excelente.

M.L: Como classifica esta peça?
C.C: Não gostaria de classificar a peça, mas sim o espetáculo. A encenação optou por uma comédia dramática. É possível que outro encenador fizesse uma abordagem diferente.

M.L: Atualmente é diretora do Teatro da Trindade, onde exerce o cargo desde 2009. Que balanço faz destes últimos dois anos em que está no cargo?
C.C: Faço um balanço muito positivo, atendendo aos constrangimentos orçamentais que têm vindo a agravar-se e à equipa reduzida de que disponho. Creio ter conseguido imprimir um grande dinamismo ao TT apresentando uma grande variedade de escolhas. Este é um teatro que é património da Fundação Inatel em cuja missão está inscrita a “criação e fruição cultural nos tempos livres dos trabalhadores”. Os beneficiários desta Fundação provêm (na sua maioria) da classe média. Creio ter havido em Portugal grandes equívocos quer na política cultural, quer também por parte dos agentes culturais no terreno. O que quero dizer é que não pode entender-se “a vanguarda” sem se conhecer “o cânone” e durante demasiados anos não houve “cânone” em Portugal. O chamado “grande público” afastou-se do teatro e não lhe foram dadas “as chaves” para entenderem os novos códigos. Por outro lado, a falta de uma política cultural consistente levou a que se confunda “cultura” com “entretenimento”. É neste contexto que na sala Principal (495 lugares) tenho tido a preocupação de servir o chamado “grande público” com espetáculos “mais canónicos”, mas de qualidade (Teatro, Música Popular e Erudita, Dança, Cinema) e programo os espetáculos de vanguarda ou de jovens autores, encenadores ou atores para a sala Estúdio.

M.L: O que a levou a aceitar o convite para dirigir o teatro?
C.C: Não sou pessoa para voltar as costas aos desafios: pensei que podia ser útil e abomino as pessoas que dizem mal de tudo e quando são convidadas a darem o seu contributo preferem ficar fora do jogo.

M.L: Como é que surgiu o interesse pela representação?
C.C: Conscientemente, quando vi um espectáculo memorável: o “Volpone” de Ben Johnson pelo Grupo Cénico da Faculdade de Direito de Lisboa com encenação de Adolfo Gutkin. Eu estava no 2º ano da Faculdade de Letras.

M.L: Fez teatro, cinema e televisão. Qual destes géneros que lhe dá mais gosto em fazer?
C.C: Teatro, sem dúvida. Porque há mais tempo de preparação e interiorização e porque a partilha que a presença do público constitui é uma experiência transcendente.

M.L: Qual foi o trabalho num destes géneros que a marcou, durante o seu percurso como atriz?
C.C: Levo todos os trabalhos muito a sério pelo que todos me marcaram.

M.L: Desde “Na Paz dos Anjos” (RTP) que é uma presença regular nas telenovelas. Este é um género televisivo que gosta muito de fazer?
C.C: Gosto de fazer e quando faço entrego-me totalmente ao trabalho, embora considere que se devia apostar mais na qualidade dos textos. Mas nunca me imaginei a fazer apenas telenovelas. Tenho gerido a minha vida profissional no sentido de nunca deixar de fazer teatro.

M.L: Como lida com a carga horária, quando grava uma telenovela?
C.C: É uma questão de hábito. É muito duro, mas é também uma grande “ginástica” para um ator.

M.L: Um dos seus trabalhos mais marcantes em televisão foi a telenovela “A Grande Aposta” (RTP), onde interpretou a personagem Stella Rodrigues. Que recordações leva desse trabalho?
C.C: Diverti-me imenso, porque era um papel muito cómico. Além disso, como os papéis que interpretamos sempre nos contagiam um pouco, andei bem-disposta, durante todo o tempo que duraram as gravações.

M.L: Qual foi o momento que a marcou, durante o seu percurso como atriz?
C.C: Em todos os trabalhos, há sempre qualquer coisa que nos marca, alguém com quem partilhamos um momento único, uma questão que nunca nos tínhamos colocado, uma dúvida que guardamos para tentar resolver mais tarde, um espectador que nos surpreende… Foram tantos os momentos marcantes que não é possível escolher.

M.L: Como vê atualmente o teatro e a ficção nacional?
C.C: Com muita preocupação. A Cultura sempre foi o parente pobre do Orçamento de Estado e a desculpa da crise é uma oportunidade para desinvestir ainda mais sobretudo por parte de um governo assumidamente liberal. A Cultura não é nem nunca foi uma atividade auto-sustentável. O entretenimento talvez.

M.L: Gostava de ter feito uma carreira internacional?
C.C: A minha pátria é a minha língua.

M.L: Este ano (2011) celebra 32 anos de carreira desde que começou em 1979. Que balanço faz destes 32 anos?
C.C: Em Portugal, não se pode dizer que haja carreiras. Há caminhos que se vão percorrendo um pouco ao sabor do acaso e da necessidade. Alguns trazem alegrias, outros mágoas. Digamos que tenho tentado aprender com cada percurso que sigo e acho que sou hoje uma pessoa melhor e mais feliz do que era há 32 anos.

M.L: Durante o seu percurso como atriz também foi encenadora, diretora de atores e escritora. Qual destas funções em que se sente melhor?
C.C: Inegavelmente como atriz.

M.L: Também foi diretora artística da NBP (atual Plural), durante dois anos. Que recordações leva do tempo em que esteve no cargo?
C.C: Muito trabalho, muita dor de cabeça e a consciência de que dei o meu melhor na exigência da qualidade.

M.L: Qual foi a personalidade da representação que a marcou, durante o seu percurso como atriz?
C.C: Manuela de Freitas. A sua capacidade de entrega, o entendimento da profissão de ator como um sacerdócio.

M.L: É irmã do realizador José Fonseca e Costa. Como vê o percurso que o seu irmão fez até agora?
C.C: Creio que tem sido uma vítima de algum “status quo” pseudo-intelectual que existe no meio do Cinema e vítima também da sua falta de paciência para lidar com ele.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
C.C: Para além da programação do TT, vou participar num telefilme para a TVI cujas gravações decorrerão já em Setembro e andarei com o “Casamento em Jogo” em digressão. A próxima paragem é já dia 17 de Setembro em Loulé.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
C.C: Um ano sabático para viajar.

M.L: Se não fosse a Cucha Carvalheiro, qual era a atriz que gostava de ter sido?
C.C: Gosto de ser quem sou com todas as qualidades, defeitos e limitações. Já me dá muito trabalho! Ser outra pessoa, só na ficção.ML

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Mário Lisboa entrevista... Carla Rocha

Olá. A próxima entrevista é com a locutora Carla Rocha. Iniciou-se na Comunicação Social aos 15 anos ao trabalhar num jornal local em Albufeira tendo depois trabalhado por exemplo na Rádio Comercial da Linha e na Rádio Clube Português estando atualmente a trabalhar na RFM, onde apresenta desde 2002 o programa "Café da Manhã" das 6 até às 10 horas juntamente com José Coimbra e além de locutora também é professora dando aulas na Universidade Autónoma de Lisboa e recentemente lançou o livro "Ó mãeee!!!" da qual escreveu juntamente com Ana Margarida Oliveira e Maria José Areias e cujo o objetivo é partilhar com o público as experiências das 3 autoras, enquanto mães. Esta entrevista foi feita por via email no passado dia 21 de Agosto.

M.L: Como é que está a correr o programa “Café da Manhã”?
C.R: Está a correr bem. Nesta altura, parte da equipa está de férias, mas o programa continua fresco e com conteúdos atuais todas as manhãs.

M.L: O programa é exibido há mais de dez anos. Que balanço faz do tempo em que está no programa?
C.R: Fazer um programa da manhã consome muitas energias. Implica estar sempre atento ao que se passa no mundo e à nossa volta. O balanço que faço (apesar de todo o trabalho que nos dá) é que têm sido anos muito divertidos também.

M.L: Partilha a apresentação do programa com José Coimbra. Como é trabalhar com ele?
C.R: Trabalhamos em equipa e isso implica aceitar o outro como é e criar consensos. Tive sorte na medida em que o Zé é uma pessoa muito responsável e que vive para a rádio.

M.L: Qual foi a situação mais embaraçante que a marcou até agora no programa?
C.R: Uma vez que anunciei que no sexo forte ia jogar uma rapariga que estava grávida. Dei-lhe os parabéns e fizemos uma grande festa e no meio da festa, ela diz que não estava. Tudo, porque o marido ainda não sabia e ela não queria que ele soubesse pela rádio. Quem me disse que ela estava grávida foi o nosso assistente que falou com ela, antes de entrar no ar e percebeu que ela queria que se desse a notícia. Enfim, mal-entendidos.

M.L: Apresenta o “Café da Manhã” das 6 até às 10 horas. Como é que é a sua rotina, antes de apresentar o programa?
C.R: Chego meia hora antes para ver os jornais, saber das últimas notícias, ver a previsão do tempo e acabar de preparar todo o alinhamento do programa. Apesar de grande parte estar pronto no dia anterior.

M.L: Qual foi a entrevista que lhe deu mais gosto em fazer até agora no programa?
C.R: Gostei de tantas. Têm passado por lá muitas pessoas interessantes. Sem qualquer conotação política, adorei entrevistar o Jerónimo de Sousa.

M.L: Como é que escolhe os seus convidados?
C.R: Com base numa notícia, num concerto, num feito. Podem ser tantos os critérios. Essencialmente, é preciso que a pessoa tenha histórias para contar.

M.L: Qual é a personalidade que ainda gostava de entrevistar no programa?
C.R: Barack Obama.

M.L: Recentemente lançou o livro “Ó mãeee!!!” que escreveu juntamente com Ana Margarida Oliveira e Maria José Areias. Como é que surgiu a ideia de escrever o livro?
C.R: Somos 3 mães que sempre têm partilhado umas com as outras as histórias dos filhos. Um dia, alguém se lembrou que era giro escreve-las e publica-las.

M.L: Como tem sido a reação do público ao livro?
C.R: Tem sido boa. Não é um bestseller, mas dá-me uma grande felicidade receber emails de outras mães que me contam as suas histórias.

M.L: Como é que surgiu o interesse pela Comunicação Social?
C.R: Comecei a trabalhar no meio muito nova. Aos 15, já escrevia para um jornal de Albufeira. Aos 16, já trabalhava numa rádio local. O interesse foi aumentando com os anos.

M.L: Está na RFM há vários anos. Que balanço faz do tempo em que está na estação?
C.R: Muito bom. Tem sido a minha segunda casa. Orgulho-me da minha rádio e da empresa para onde trabalho.

M.L: Como vê atualmente a RFM?
C.R: É uma rádio que está perto das pessoas, que já as acompanha há muitos anos e que quer continuar a ser a primeira escolha.

M.L: Antes de trabalhar para a RFM já trabalhou em outras estações de rádio como a Rádio Comercial da Linha e a Rádio Clube Português. Que recordações leva dessas experiências profissionais?
C.R: Foram escolas. Na Rádio Comercial da Linha, fiz mesmo um curso de formação que ensinava formas de comunicar em rádio. Ao mesmo tempo, estava na universidade a tirar Ciências da Comunicação. Trabalhei com grandes profissionais nessas duas rádios e hoje ainda dou por mim a lembrar-me dos ensinamentos que me deram.

M.L: Dedicou praticamente a sua vida profissional à rádio. Gostava de ter trabalhado em outros meios de comunicação como a televisão?
C.R: Nunca aconteceu e nunca fiz para que acontecesse. A rádio preenche-me muito e há outras coisas que adoro fazer: gosto de ensinar (dou aulas na Universidade Autónoma), gosto de ter tempo para a minha família e para mim e gosto de continuar a aprender também. Fiz uma pós-graduação há um ano e tenciono terminar o mestrado de marketing.

M.L: Como lida com o público que acompanha a sua carreira há vários anos?
C.R: Considero as pessoas que nos ouvem meus amigos, é assim que os trato. 

M.L: Como vê atualmente a Comunicação Social?
C.R: Faz falta abordar a notícia de uma perspetiva mais otimista. Ligo a televisão ou abro um jornal e tudo o que vejo é só histórias de tragédias. Claro que devem ser noticiadas, mas não podemos cair no excesso da desgraça. Gera pessimismo, faz-nos acreditar que somos uns coitadinhos e não nos deixa andar para a frente. Deviam mostrar mais casos felizes, histórias de empreendedores, corajosos, há gente assim por todo o lado. Estes casos deveriam ter mais visibilidade.

M.L: Gostava de ter feito uma carreira internacional?
C.R: Não.

M.L: Qual foi o momento que a marcou, durante o seu percurso como locutora?
C.R: O nascimento do meu filho e a oportunidade que a RFM deu a qualquer pessoa de fazer o programa com o Zé, enquanto estivesse de licença de maternidade. Toda a gente me falava nisto.

M.L: Além de locutora também dá aulas na universidade. Que balanço faz da sua atividade como professora?
C.R: Tenho muito para dar ainda. Imagino-me a dar aulas até na reforma.

M.L: Como lida com os alunos, enquanto leciona?
C.R: Adoro ensinar e tenho encontrado grandes profissionais. Só estão à espera de uma oportunidade. Tento dar-lhes o melhor de mim e passar-lhes conhecimentos que adquiri ao longo destes anos.

M.L: Qual foi a personalidade da Comunicação Social que a marcou, durante o seu percurso como locutora?
C.R: Foram alguns. Rui Branco, Elisabete Caixeiro. Na televisão: José Rodrigues dos Santos, Catarina Furtado.

M.L: Como vê atualmente Portugal e o Mundo?
C.R: Em crise e a precisar de mudar mentalidades e comportamentos. A crise que enfrentamos é mais do que uma crise económica. Por muito que nos custe agora, acho que era inevitável e necessária. A maneira como o mundo vivia tornou-se insustentável. Viver com o que temos, sem aspirar a ter o que não podemos, acredito que vai passar a ser a nova máxima da Humanidade. 

M.L: Está com quase 40 anos. Como é que se sente ao chegar a esta idade?
C.R: Serena e confiante no futuro. Sou muito positiva. 

M.L: Que balanço faz da sua carreira?
C.R: Não poderia ter seguido uma profissão que me preenchesse tanto e me realizasse tanto. Ainda vibro com o que faço. 

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
C.R: Tirar o mestrado, continuar o programa e ser feliz (como até aqui).

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
C.R: Um doutoramento ligado à rádio portuguesa. 

M.L: Se não fosse a Carla Rocha, qual era a locutora que gostava de ter sido?
C.R: Bailarina. A sério.ML

sábado, 14 de janeiro de 2012

Mário Lisboa entrevista... Lena D'Água

Olá. A próxima entrevista é com a cantora Lena D'Água. Estreou-se como cantora, enquanto vocalista da banda Beatnicks em 1976 e desde aí desenvolveu um respeitado e marcante percurso com 35 anos de existência celebrados em 2011 tornando-se numa das mais importantes e incontornáveis figuras do panorama musical português tendo feito parte também das bandas Salada de Frutas e Atlântida e além da música também teve experiência como atriz e recentemente escreveu a biografia "José Águas-O Meu Pai Herói" sobre a vida do seu pai, o antigo jogador de futebol José Águas falecido em 2000 da qual é o segundo livro que escreve, depois de se ter estreado na escrita em 1984 com o livro de poesia "A Mar Te". Esta entrevista foi feita por via email no passado dia 5 de Agosto.

M.L: Recentemente lançou a biografia “José Águas-O Meu Pai Herói” sobre o seu pai, o antigo jogador de futebol José Águas. Como é que surgiu a ideia de escrever a biografia?
L.D.A: Foi um convite feito pela Oficina do Livro no verão passado (2010).

M.L: Como é que fez a pesquisa para o projeto?
L.D.A: Através do espólio organizado ao longo dos anos pela minha mãe.

M.L: Como tem sido a reação do público à biografia?
L.D.A: Tem sido muito boa, espero que haja nova edição.

M.L: Como vê o percurso que o seu pai fez até à sua morte?
L.D.A: O percurso de um homem fora de série dentro e fora dos relvados.

M.L: Que balanço faz deste trabalho?
L.D.A: Extremamente positivo.

M.L: “José Águas-O Meu Pai Herói” é o segundo livro que escreve, depois de se ter estreado na escrita em 1984 com o livro de poesia “A Mar Te”. Como é que surgiu o interesse pela escrita?
L.D.A: Desde criança que me interessei pela leitura graças aos meus pais que eram dois leitores apaixonados até ao fim da vida.

M.L: Como é que surgiu o interesse pela música?
L.D.A: Surgiu na barriga da minha mãe que adorava cantar.

M.L: Qual foi o trabalho que a marcou, durante o seu percurso como cantora?
L.D.A: Cada disco e cada apresentação ao vivo me marcam.

M.L: Como vê atualmente a música portuguesa em geral?
L.D.A: Muita parra e pouca uva.

M.L: Gostava de ter feito uma carreira internacional?
L.D.A: Nem por isso, por ter sido mãe muito jovem.

M.L: Este ano (2011) celebra 35 anos de carreira desde que começou como vocalista da banda Beatnicks em 1976. Que balanço faz destes 35 anos?
L.D.A: Extremamente positivo.

M.L: Como lida com o público que acompanha a sua carreira há vários anos?
L.D.A: Muito bem, naturalmente. Mal seria se assim não fosse!

M.L: Além da música e da escrita também teve experiência como atriz. Já alguma vez pensou em voltar à representação?
L.D.A: Já pensei, mas passou-me.

M.L: Qual foi a personalidade da música portuguesa em geral que a marcou, durante o seu percurso como cantora?
L.D.A: José Afonso.

M.L: Recentemente fez 55 anos. Como é que se sente ao chegar a esta idade?
L.D.A: Só o espelho me lembra disso, por dentro sou igual ao que era há vinte ou trinta anos...

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
L.D.A: Voltar a estúdio para regravar os meus êxitos que são tantos!

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
L.D.A: Comprar uma casa maior.ML

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Mário Lisboa entrevista... Sandra Santos

Olá. A próxima entrevista é com a atriz Sandra Santos. Interessou-se pela representação aos 14 anos tendo feito o primeiro curso de interpretação da companhia ENTREtanto Teatro e depois um curso de formação de atores na ACT-Escola de Atores entre 2002 e 2004 e desde então tem desenvolvido um percurso que passa pelo teatro, pelo cinema e pela televisão (onde entrou em produções como "Dei-te Quase Tudo" (TVI), "Conta-me como foi" (RTP), "A Outra" (TVI), "Casos da Vida" (TVI), "Podia Acabar o Mundo" (SIC) e "Olhos nos Olhos" (TVI) e recentemente participou na 8ª temporada da série "Morangos com Açúcar" (TVI) e nas peças "Sonho de uma Noite de Verão" de William Shakespeare e "Comédia de Desenganos" de Luísa Costa Gomes (que é uma reinterpretação de "Sonho de uma Noite de Verão"), dois projetos que contaram com encenação de António Pires e que estiveram em cena no Teatro do Bairro em Lisboa. Esta entrevista foi feita por via email no passado dia 3 de Agosto na altura em que a entrevistada tinha acabado de fazer a peça "Sonho de uma Noite de Verão".

M.L: Atualmente integra o elenco da peça “Sonho de uma Noite de Verão” de William Shakespeare que está em cena no Teatro do Bairro até ao próximo dia 16 de Julho. Como é que está a correr a peça?
S.S: A peça já terminou e correu muito bem. Neste momento, já estamos a preparar o próximo projeto: "Comédia de Desenganos" de Luísa Costa Gomes que também terá estreia no Teatro do Bairro.

M.L: Como é que surgiu o convite para integrar o elenco da peça?
S.S: O convite surgiu através do António Pires, o encenador da peça com quem já tinha trabalhado num âmbito diferente, quando ainda estava a estudar na ACT-Escola de Atores.

M.L: Qual é a personagem que interpreta nesta peça?
S.S: Eu interpreto a Helena que é completamente apaixonada por Demétrio que por sua vez repudia o seu amor por lhe estar destinado casar com Hérmia que ama Lisandro. Nesta comédia, onde o Mundo dos Deuses e dos Humanos se cruzam e se tocam por intermédio de uns pozinhos mágicos são muitas as confusões e mal-entendidos entre estes quatro apaixonados.

M.L: “Sonho de uma Noite de Verão” é encenada por António Pires. Como é trabalhar com ele?
S.S: Foi muito bom voltar a trabalhar com o António Pires ainda por cima nesta peça extraordinária de Shakespeare e interpretar Helena, personagem que sempre quis fazer. Ele torna o trabalho mais fácil, há uma grande preocupação com o texto, com a verdade do texto. Para além disso, como foi ator é-lhe mais fácil transmitir o que pretende da cena, passar o que está dentro da sua cabeça para nós atores e para o palco. 

M.L: Como tem sido a reação do público a esta peça?
S.S: Tem sido muito boa e para nós sentir o prazer do público, durante esta hora e meia é a maior recompensa.

M.L: Recentemente integrou o elenco da 8ª temporada da série “Morangos com Açúcar” (TVI), onde interpretou a personagem Claudia Cortês. Que balanço faz da sua participação na série?
S.S: Muito positivo. Os "Morangos com Açúcar" têm um ambiente muito descontraído que começa nos próprios textos e se contamina e expande no ambiente criado entre todos os elementos da equipa. Foram 10 meses que passaram muito rápido e dos quais guardo boas recordações.

M.L: “Morangos com Açúcar” é exibida há quase 10 anos. Como vê o percurso que a série fez até agora?
S.S: Eu não acompanhei a série ao longo destes dez anos, mas é uma série com um target específico que a cada ano renova o seu público e esse é o segredo para manter vivo o interesse da audiência mais jovem.

M.L: Como é que surgiu o interesse pela representação?
S.S: Surgiu quando tinha 14 anos e fiz o primeiro curso de interpretação na ENTREtanto Teatro, uma companhia subsidiada pelo Instituto das Artes e sediada em Valongo.

M.L: Durante o seu percurso como atriz fez teatro e televisão, mas pouco cinema. Gostava de ter trabalhado mais nesse género?
S.S: Não gosto do tempo verbal em que coloca a questão (risos). "Nunca é tarde demais para sermos o que poderíamos ter sido" como referiu George Eliot. Ainda por cima com a minha idade tenho a certeza que no futuro ainda virei a fazer mais cinema. 

M.L: Qual foi o trabalho num destes géneros que a marcou, durante o seu percurso como atriz?
S.S: Em televisão, foi a série "Conta-me como foi" (RTP) pela sua qualidade inegável, pelas condições de trabalho que nos foram dadas, pelo privilégio de trabalhar com atores tão talentosos, enfim pelos 3 anos em que a "Nani" por lá passou. Em teatro, destaco a última peça e o meu último amor: "Sonho de uma Noite de Verão". Quase pelos mesmos motivos do “Conta-me…”: uma personagem que eu adorava e um ambiente de camarim absolutamente extraordinário e fora do vulgar. Trabalhar e estar com todo o elenco era um prazer, havia uma grande cumplicidade e confiança dentro e fora do palco.

M.L: Já fez telenovelas. Este é um género televisivo que gosta muito de fazer?
S.S: Depende! Se a personagem e o argumento for interessante, este é um género televisivo como outro qualquer. Se a personagem carecer de interesse quer para o público quer para mim, enquanto atriz torna-se mais complicado, porque é um trabalho que demora entre 6 meses a 9 meses e ninguém gosta de fazer por tanto tempo algo que não lhe dá prazer. Mas isso também poderia acontecer numa série... O que para mim é mais complicado gerir numa telenovela é o fator tempo: tudo é muito rápido e há uma consciência de todos que é assim que tem de ser, o tempo é como uma nuvem negra que paira nas nossas cabeças, uma pressão constante e isso faz com que nem sempre as cenas tenham a qualidade que poderiam ter. Mas tal como disse, esta é uma característica do produto.

M.L: Como vê atualmente o teatro e a ficção nacional?
S.S: Eu gosto do teatro que se faz cá em Portugal, acredito que temos um bom nível internacional e só é pena que não haja mais apoios para os novos criadores que se vão formando e lhes seja tão difícil pôr em cena os seus trabalhos. Já no que diz respeito ao cinema e à televisão considero que ainda temos um longo caminho a percorrer. Temos alguma dificuldade em inovar, em encontrar novas ideias e sobretudo novos e bons argumentos e no meu ponto de vista é aqui que reside o principal problema.

M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
S.S: Claro! Embora saiba que no meu caso seria complicado, pois não domino mais nenhuma língua como domino o Português e para uma atriz a palavra é (na maioria dos casos) fundamental. 

M.L: Vive em Lisboa, mas nasceu no Porto. Já alguma vez se arrependeu de ter decidido ir viver para Lisboa?
S.S: Nunca, gosto muito de viver em Lisboa, tenho uma grande afinidade com esta cidade e a família e parte dos amigos estão a uma distância de 3 horas, não é o fim do Mundo.

M.L: Em 2012, vai fazer 30 anos. Como é que se sente ao chegar a esta idade?
S.S: Ainda nem 29 anos tenho, não me faça já mais velha do que sou...

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
S.S: Mais uma peça no Teatro do Bairro: "Comédia de Desenganos" da Luísa Costa Gomes e encenada pelo António Pires com praticamente o mesmo elenco do “Sonho de uma Noite de Verão” e ainda um telefilme da TVI escrito e realizado pelo Artur Ribeiro com quem tenho trabalhado noutros projetos e com quem é sempre um prazer trabalhar.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
S.S: Passar uma temporada no estrangeiro quer pela experiência em si, quer pelas oportunidades ao nível da formação que alguns países oferecem.ML

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Mário Lisboa entrevista... Cristina Fernandes de Abreu

Olá. A próxima entrevista é com a diretora da marca MyLisbon Fashion, produtora de eventos e escritora Cristina Fernandes de Abreu. Enquanto produtora de eventos concebeu e produziu por exemplo o European Film Festival e entre 2008 e 2009 trouxe a Portugal, o conhecido especialista em guiões Robert McKee, enquanto escritora publicou em 1988 dois poemas que fizeram parte da "V Antologia de Poesia Contemporânea" e em 2010 lançou o seu primeiro livro intitulado "Confrontos Encantos Encontros" e também em 2010 criou a marca MyLisbon Fashion (da qual é diretora) que é uma marca que se baseia num conceito simples e inovador: aplicar a cultura de Lisboa na moda. Esta entrevista foi feita por via email no passado dia 1 de Agosto.

M.L: Como é que surgiu a ideia de criar a MyLisbon Fashion?
C.F.A: A ideia de criar a MyLisbon surgiu após uma análise que fiz a alguns produtos em que havia uma expressão da nossa cultura. Após essa análise conclui que efetivamente não havia um produto na moda que conseguisse de forma original e elegante transmitir os vários elementos criativos que temos à nossa disposição quer na Cidade de Lisboa ou outros que se espalham pelo País como sejam a Calçada Portuguesa ou mesmo o Azulejo. Testada a ideia, achamos que tinha um enorme potencial para ser lançada e assim a MyLisbon enquanto conceito e produto aparece no mercado português.

M.L: Que balanço faz deste último ano e meio de existência da marca (a MyLisbon Fashion foi criada em 2010)?
C.F.A: Faço um balanço bastante positivo. Conseguimos e seguindo o nosso plano estratégico para a marca atingir os nossos objetivos. A marca foi colocada em pontos que para nós eram importantes como o Centro Cultural de Belém, o Turismo de Lisboa e o Museu do Azulejo, mais recentemente numa loja multimarca a “Chocolat Colours” no Restelo e até ao final do ano acreditamos conseguir atingir mais alguns objetivos, o que me permite afirmar que estamos no caminho certo no que respeita ao desenvolvimento do conceito e à conceção dos produtos MyLisbon.

M.L: Como tem sido a reação do público à MyLisbon Fashion?
C.F.A: Uma reação bastante positiva, o conceito agradou e a originalidade e elegância das peças também. Foi com agrado que temos sentido a aceitação quer por parte da Mulher portuguesa quer por parte da Mulher estrangeira. Não era nossa intenção que a MyLisbon fosse uma marca identificada somente como produto para turistas, não é de fato! A Mulher portuguesa tem aderido ao conceito da marca, o que nos permite afirmar que é possível vender peças com grande expressão cultural portuguesa a clientes portugueses. Satisfaz-nos bastante esta adesão. Também nos agrada sentir no entanto que o cliente estrangeiro se entusiasma pelo conceito e pelas peças.

M.L: Quantos colaboradores tem na MyLisbon Fashion?
C.F.A: A MyLisbon tem várias pessoas a colaborar na marca cerca de 7 pessoas nesta primeira fase.

M.L: É uma apaixonada confessa por Lisboa. Como vê atualmente a cidade?
C.F.A: Eu vejo sempre a Cidade de Lisboa de uma forma muito apaixonada e com um olhar muito deliciado pela quantidade de elementos que me inspiram e consequentemente inspiram a MyLisbon. Já o referi anteriormente que Lisboa tem os seus defeitos como terão todas as grandes Cidades da Europa ou do mundo, mas são questões que não me afetam enquanto criativa e enquanto habitante. Vejo que se trabalha para melhorar ou retificar o que pode estar menos bem, o que me agrada. Continuo a ver uma Cidade muito iluminada com um azul que se confunde com o rio, com um cheiro muito característico, com bairros cujas cores e vivências são fabulosas e com muitos monumentos, recantos e jardins que definitivamente a tornam uma das mais belas Cidades que já conheci.

M.L: Além de ser a diretora da MyLisbon Fashion também teve experiência como produtora de eventos e como escritora tendo lançado em 2010, o seu primeiro livro intitulado “Confrontos Encantos Encontros”. Como é que surgiu o interesse pela escrita?
C.F.A: O meu interesse pela escrita aparece por volta dos meus 12 anos. Nessa idade, eu comecei a colocar no papel o que se ia construindo dentro de mim, escrevi muita poesia, cheguei a editar alguns poemas, escrevi vários contos e com o evoluir dos anos comecei a escrever o que se tornaria num romance de ficção. A escrita faz parte de mim, escrevo com muita frequência com intenção ou não de poder vir a publicar. Aconteceu com alguns poemas e também com o meu primeiro livro. Publicar não é para mim o objetivo maior, quando escrevo: escrevo simplesmente, porque gosto muito e tenho sempre muito para contar no papel.

M.L: Quais são as suas grandes influências como escritora?
C.F.A: Eu sou uma leitora compulsiva desde sempre, mas não considero que haja uma influência direta de algum escritor na minha escrita, não o sinto. Penso que terão existido pessoas que contribuíram definitivamente para este meu quase vício de ler e escrever: o meu pai foi uma dessas pessoas, lia muito, nunca escreveu, mas lia muito e muita da minha leitura enquanto adolescente era feita ao lado dele. Também um tio meu, Jorge Fernandes da Silva que editou ainda algum material no Brasil, onde vivia foi sempre uma referência no meu caminho, mas não uma influência direta na minha forma de escrita.

M.L: Como produtora de eventos concebeu e produziu por exemplo o European Film Festival e entre 2008 e 2009 trouxe a Portugal, o conhecido especialista em guiões Robert McKee. Como é que surgiu essas duas oportunidades?
C.F.A: Foram de fato oportunidades. O European Film Festival surgiu de um trabalho fantástico de equipa e porque sempre considerei que um Festival de Cinema dentro do conceito European Film Festival poderia ser um sucesso em Portugal por ser completamente inovador. No que respeita a Robert McKee foi sempre um homem que segui de perto e quando há 8 anos atrás resolvi fazer um curso de escrita para aperfeiçoar pontos que eu julgava importantes de aperfeiçoar na minha escrita encontrei o “Story” de Robert McKee que li atentamente e pensei sempre que quando me fosse possível o traria a Portugal. Foi um desafio que estabeleci a mim própria e na altura possível, ele veio a Portugal. Foi um sucesso ter conseguido, porque de fato superou as expectativas. Penso que quem assistiu ao seminário Story e ao seminário Genre não ficou de forma alguma indiferente. É um homem e um profissional brilhante com muito para nos ensinar.

M.L: Houve algum momento que a tenha marcado, durante o seu percurso profissional?
C.F.A: Robert McKee marcou definitivamente, foi uma relação que mantenho até hoje com grande orgulho, porque é de fato um homem que tive um enorme prazer em conhecer e que é uma fonte inesgotável de saber e de valores. A abertura do Festival de Cinema também me marcou, foi o culminar de muitos anos de trabalho. O reconhecimento da MyLisbon enquanto conceito inovador e o convite da Santa Casa da Misericórdia para representar Portugal num evento que se realizou na Rua do Carmo “Lusofonia da Moda” em 2011 no Ano Europeu do Voluntariado foi outro momento que me marcou enquanto profissional e enquanto ser humano.

M.L: Como vê atualmente a Cultura em Portugal?
C.F.A: Portugal é um país para onde deveremos olhar com muita esperança e onde deveremos colocar todo o nosso esforço criativo permitindo que o país se abra cada vez mais à inovação. Há grandes oportunidades para explorar no mundo cultural e penso que nas alturas mais difíceis não há lugar para baixar os braços, mas sim lugar para trabalhar muito e cada vez melhor. Sabemos fazer coisas extraordinárias e é preciso mostra-lo dentro e fora do país e com a ajuda devida acredito que seremos capazes de o fazer e já temos provas dadas na música, na moda, na literatura, entre outras. Há certamente nesta palavra Cultura lugar para dizer: que se aprenda a ler mais, que se visitem mais exposições, há que saber apelar para que todos se deixem chamar para a Cultura, assim os povos evoluem.

M.L: Que expectativas tem em relação ao Secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas?
C.F.A: Não tenho qualquer tipo de expectativa, o Senhor Secretário de Estado está ainda há pouco tempo em funções. Desejo que o trabalho a que se propôs o consiga com êxito, acredito que haverá muito a fazer nesta área tão importante quanto outras evidentemente.

M.L: Gostava de ter trabalhado no estrangeiro?
C.F.A: Não aconteceu por mero acaso, mas como sempre trabalhei e continuo a trabalhar com muitos estrangeiros e sempre viajei muito tenho uma boa perceção do que seria trabalhar num país estrangeiro. Em alguns países talvez gostasse de ter trabalhado algum tempo, mas considero que o trabalho que faço aqui em Portugal me satisfaz plenamente. Devemos estar abertos ao que se faz pelo mundo fora, o que não quer dizer que em Portugal não se possa fazer tão bem ou melhor do que em países estrangeiros.

M.L: Qual foi a pessoa que a marcou até agora, durante o seu percurso profissional?
C.F.A: Houve muitas pessoas em vários períodos da minha vida que me marcaram pelo seu profissionalismo, pela sua ética nos negócios, pela sua visão, pela sua forte componente humana. Robert McKee e a Dr.ª Márcia Trigo foram duas dessas pessoas que muito estimo e admiro.

M.L: Está com quase 50 anos. Como é que se sente ao chegar a esta idade?
C.F.A: Confesso que nunca tinha pensado nisso! Mas sinto-me muito bem com imensos projetos ainda para desenvolver, com imensa vida para viver. A idade nunca me assustou, é um percurso natural e que eu encaro de forma natural e portanto pensar que tenho quase meio século é absolutamente fantástico. Já vivi o suficiente para valorizar muito a vida que é uma dádiva maravilhosa e que tem esta componente que lhe acrescenta ainda mais valor, todos os dias podemos aprender mais, melhorar mais, construir mais e a qualquer altura mudar se for necessário.

M.L: Houve algum trabalho que a tenha marcado, durante o seu percurso profissional?
C.F.A: Todos os projetos em que me envolvi foram muito importantes na minha vida. Não distingo nenhum deles: todos (no período em que ocorreram) marcaram de certa forma o meu percurso, o acumular de experiências se quisermos e soubermos aproveitar é um dos bens mais importantes que vamos transportando ao longo da vida e isso permite crescer em termos profissionais e pessoais.

M.L: Que balanço faz do seu percurso profissional?
C.F.A: Um balanço muito positivo, tudo o que fiz sempre me deu imenso prazer. Gosto muito do que faço atualmente, portanto que mais poderia desejar?

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
C.F.A: Os meus próximos projetos prendem-se muito com o desenvolvimento da MyLisbon, com o lançamento do meu segundo livro e com mais alguns pequenos projetos que neste momento ainda não posso revelar, mas que estão ligados à escrita e ao argumento.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
C.F.A: Ainda tenho imensa coisa para fazer, vou vivendo e fazendo o que no momento mais requer a minha atenção e o meu trabalho. Tenho uma viagem que gostaria de fazer com tempo para pesquisar alguns assuntos para um futuro livro: uma viagem ao Japão. Vamos ver, quando conseguirei. Mas confesso que muito do que gostaria de fazer na minha vida já consegui fazer.

M.L: O que é que gostava que mudasse na sua vida?
C.F.A: Absolutamente nada. Adoro a vida profissional e pessoal que tenho e sou uma pessoa muito feliz. Aceito as pequenas contrariedades da vida, deliro com as coisas fantásticas que a vida me proporciona e procuro sempre o lado positivo de tudo o que me é colocado no meu caminho.ML

domingo, 8 de janeiro de 2012

Brevemente...

 
Entrevista com... Cristina Fernandes de Abreu (Diretora da marca MyLisbon Fashion/Produtora de Eventos/Escritora)

sábado, 7 de janeiro de 2012

Mário Lisboa entrevista... Henrique Pina

Olá. A próxima entrevista é com o realizador Henrique Pina. Foi aos 12 anos que decidiu ser realizador de cinema tendo sido licenciado em Film&Screen Practice em Roehampton University em Inglaterra e recentemente realizou a curta-metragem "Tejo" que concebeu em conjunto com o guionista Francisco Baptista (que conhece desde os tempos da Escola Secundária) da qual foi inspirada pelo filmnoir contando a história de um cínico inspetor que investiga um homicídio sinistro tendo também passado por vários festivais de cinema e ficou em terceiro lugar dos prémios Zon-Criatividade Multimédia 2010 e contou com a participação de atores como Filipe Duarte, Adriana Moniz, Miguel Seabra, Ana Bustorff e Rosa do Canto que aceitaram participar no projeto, mas sem remuneração. Esta entrevista foi feita por via email em Junho passado.

M.L: Como é que surgiu a ideia de fazer este projeto?
H.P: A ideia inicial nasceu com a vontade de explorar um género cinematográfico que ainda não havia sido devidamente abordado em Portugal. O Francisco Baptista (argumentista do filme) apresentou-me um guião cuja narrativa seguia assumidamente as linhas conceptuais do filmnoir e que tinha como palco uma cidade que ambos adoramos: Lisboa. Sabíamos que era uma ideia arrojada e um desafio difícil, mas isso também puxou por nós.

M.L: “Tejo” contou com a participação de atores como Filipe Duarte, Adriana Moniz, Miguel Seabra, Ana Bustorff e Rosa do Canto que aceitaram participar no projeto, mas sem remuneração. Como é que conseguiu convencê-los a participar no projeto com essa condição?
H.P: Tudo começa no argumento. Se o argumento for bom, eles acreditam no projeto. Se acreditarem no projeto e na nossa abordagem ao filme, se todos estivermos em sintonia e se ao longo da produção conseguirmos manter as motivações e as ambições bem elevadas é muito fácil ter o privilégio de contar com atores de qualidade a trabalharem connosco empenhados.

M.L: A curta-metragem foi inspirada pelo filmnoir. Este é um tipo de género cinematográfico que lhe agrada muito?
H.P: Tenho alguma dificuldade em dizer que gosto do género x ou y. Acho que é possível encontrar e fazer bons filmes seguindo as linhas condutoras de qualquer género. No caso do filmnoir gosto particularmente das características visuais, do peso que a imagem tem, da forma poética que cada palavra é dita.

M.L: “Tejo” foi exibida recentemente no Auditório Carlos Paredes em Lisboa e no New York Portuguese Short Film Festival em Nova Iorque. Qual foi a reação do público ao projeto, durante essas duas exibições?
H.P: Tivemos um ótimo feedback, o que nos dá imensa força. O "Tejo" foi também recentemente selecionado para o festival internacional de curtas CinemadaMare, o qual possibilitará mais exibições públicas do filme e é isso que nós queremos: que as pessoas vejam o nosso trabalho.

M.L: Qual foi o momento mais marcante para si, durante as filmagens de “Tejo”?
H.P: O momento mais marcante, durante a produção do filme foi a véspera de começarmos as filmagens. Até esse dia, tanto eu como o Francisco (argumentista e co-produtor) não tínhamos parado com contatos para a equipa e a ultimar os preparativos. Quando todos os pormenores ficaram tratados para as filmagens do dia seguinte caiu-me tudo em cima: o peso da responsabilidade de estar a trabalhar com uma equipa de profissionais experientes e atores famosos, as dúvidas em relação à nossa capacidade de executar este trabalho da forma que queríamos, os detalhes de que eventualmente nos teríamos esquecido de tratar, etc. Tomei consciência de que não podia falhar e que se iriam seguir três dias de uma concentração e dedicação extrema. Felizmente correu tudo da melhor maneira.

M.L: Que recordações leva das filmagens de “Tejo”?
H.P: As recordações que mais ficam são as da entrega da equipa. Ver gente daquele calibre, daquela experiência tão dedicada a um projeto que estávamos a criar todos em conjunto foi um privilégio que nunca esquecerei. É por isto que faço cinema.

M.L: De todos os atores do elenco de “Tejo”, qual foi que teve o melhor desempenho na sua opinião?
H.P: Todos. Cada um à sua maneira. No entanto, talvez por nunca o ter visto no ecrã confesso que o Miguel Seabra foi a maior surpresa.

M.L: Como classifica este projeto?
H.P: Nesta fase, depois de já ter visto o filme algumas centenas de vezes é difícil estabelecer uma distância que me permita classificar este projeto. Contudo, olhando especificamente para cada área de um ponto de vista mais técnico acho que o Paulo Segadães com a ajuda do Tó Zé Ribeiro foi um diretor de fotografia incrível, a equipa de som a começar no Jorge Pacheco e a acabar na Ameba fizeram um trabalho extraordinário, a Marta Azenha e a Daniela Coelho possibilitaram um perfeccionismo no guarda-roupa de louvar, o Cauê foi perfeito na maquilhagem e por aí fora. Reconheço em todos esses aspetos, um trabalho notável.

M.L: Como é que surgiu o interesse pelo cinema?
H.P: O interesse pelo cinema surgiu a partir da vontade de contar histórias. Cheguei a um ponto em que se não conseguisse partilhar aquilo que imaginava sufocava. E então aos 12 anos decidi que iria ser realizador de cinema. Depois parecia que quanto mais explorava, quanto mais aprendia, quanto mais pesquisava, maior era o interesse.

M.L: Quais são as suas grandes influências, enquanto realizador?
H.P: Tenho várias e provavelmente vou-me esquecer de algumas. Talvez a maior seja o George Lucas. Um visionário e um lutador tal como (Charlie) Chaplin ou (Alfred) Hitchcock. Com quem eu me identifico mais na forma de contar uma história é o Christopher Nolan especialmente no "The Prestige" (“O Terceiro Passo” (2006) ou "The Dark Knight" (“O Cavaleiro das Trevas” (2008). Noutro ponto de vista sem dúvida aquilo que mais me inspirou até hoje foi a série "Six Feet Under" (“Sete Palmos de Terra” (2001-2005) do Alan Ball.

M.L: Qual foi a longa-metragem que viu e que o marcou até agora?
H.P: "Big Fish" (“O Grande Peixe” (2003) do Tim Burton. Tem um pouco de tudo como a própria vida. E se puder juntar mais um, "Forrest Gump" (1994) pelos mesmos motivos.

M.L: Como vê atualmente o cinema em geral?
H.P: Atualmente, acho que faltam ideias. Por um lado, olhando para o cinema mainstream a sair de Hollywood há demasiadas sequelas, prequelas, remakes e adaptações. É difícil de encontrar um produto genuíno e original de qualidade a sair de lá. Existem, mas quando olhamos para as décadas de 70 e 80 e comparamos, reparamos como estão em minoria. Por outro lado, acho que se faz bom cinema na Europa e em Portugal, mas não se dá qualquer atenção ao valor comercial dos filmes. Gasta-se muito dinheiro em cinema, mas gasta-se mal na minha opinião. Não tenho nada contra o cinema de autor, mas os filmes de ficção são para contar uma história e não para alimentar o ego pseudo-intelectual do realizador. Isto mostra-nos dois extremos do mesmo universo e na minha opinião deve-se encontrar um meio-termo entre o cinema comercial de Hollywood e o cinema unicamente artístico Europeu.

M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
H.P: Para já, não está nos meus planos. Há muito por fazer em Portugal e é aqui que quero dar continuidade ao meu trabalho em conjunto com o meu argumentista preferido.

M.L: Quais são os atores em Portugal com quem gostava de trabalhar no futuro?
H.P: Cada filme tem as suas personagens e cada personagem merece o seu ator. Há ótimos atores em Portugal, é só uma questão de os relacionarmos às personagens que criamos.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
H.P: Estou agora a produzir um videoclip para ANDYcode (www.andycode.net) e quero fazer uma nova curta-metragem em Setembro.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
H.P: Estou-me a preparar para um projeto futuro, mas é segredo. Dentro de umas décadas espero mostra-lo.

M.L: Se não fosse o Henrique Pina, qual era o realizador que gostava de ter sido?
H.P: O Jean-Luc Godard, só para ver a Brigitte Bardot tantas vezes e com tão pouca roupa.ML

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Mário Lisboa entrevista... Teresa Côrte-Real

Olá. A próxima entrevista é com a atriz Teresa Côrte-Real. Filha da atriz Madalena Braga e mãe do ator Francisco Côrte-Real, desde muito cedo que se interessou pela representação tendo desenvolvido um percurso que passa pelo teatro, pelo cinema e pela televisão (onde entrou em produções como "Cinzas" (RTP), "Verão Quente" (RTP) e "A Grande Aposta" (RTP) para além de ser também professora e em 2012 celebra 40 anos de carreira e recentemente participou nas peças "O Comboio da Madrugada" de Tennessee Williams e "As Bruxas de Salem" de Arthur Miller, dois projetos que contaram com encenação de Carlos Avillez que é o diretor do Teatro Experimental de Cascais da qual é atriz residente desde 1991. Esta entrevista foi feita no passado dia 15 de Setembro no Teatro Rivoli no Porto na altura em que a entrevistada estava em cena com a peça "O Comboio da Madrugada".

M.L: Como é que tem corrido a peça “O Comboio da Madrugada”?
T.C.R: Muito bem. O público do Porto tem sido muito carinhoso e tem corrido muito bem esta etapa de “O Comboio da Madrugada”.

M.L: Como é que surgiu esta peça?
T.C.R: Portanto, nós somos do Teatro Experimental de Cascais. O diretor Carlos Avillez decidiu fazer uma peça com a Eunice Muñoz que já tinha trabalhado aliás com o Teatro Experimental de Cascais há muitos anos e trouxe-nos a peça e trouxe-nos a Eunice para trabalhar connosco.

M.L: “O Comboio da Madrugada” é encenada por Carlos Avillez com quem já trabalhou anteriormente. Como é trabalhar com ele?
T.C.R: Muito bom. Eu conheço o Carlos Avillez há muitos anos, porque ele foi encenador várias vezes da minha mãe que era atriz também, a Madalena Braga. Foi uma atriz que começou aqui no Porto no Teatro Experimental do Porto e que depois começou a trabalhar em Lisboa tinha eu uma idade muito pequena. Portanto, tinha eu por volta de dois anos fui para Lisboa e entretanto eu conheci o Carlos melhor por volta dos meus quinze anos, quando a minha mãe voltou a trabalhar com ele no Teatro Maria Matos e sempre gostei de pensar que um dia viria a trabalhar com ele e em 1991 ele chamou-me para a companhia dele e eu fiquei com ele a trabalhar.

M.L: Qual é a personagem que interpreta nesta peça?
T.C.R: Uma viúva italiana a quem mataram o marido e pressupõe-se que foi a personagem da Eunice, a Sra. Goforth que mandou matar o marido desta mulher.

M.L: Como classifica a sua personagem?
T.C.R: É uma personagem trágica.

M.L: Como é contracenar com Eunice Muñoz?
T.C.R: Extraordinário. Eu já tinha tido esse prazer no “Romance de Lobos” no Teatro Nacional (D. Maria II) que foi encenado por Blanco Gil. Tinha trabalhado com a Eunice nessa altura e agora muitos anos mais tarde tenho trabalhado outra vez e a Eunice é a nossa primeira-dama do teatro e é sempre uma honra trabalhar com ela.

M.L: Como tem sido a reação do público a esta peça?
T.C.R: Muito boa. Como já lhe disse, muito boa tanto em Lisboa (aliás em Cascais e no Estoril, onde é o nosso teatro) como aqui no Porto.

M.L: A peça é um original de Tennessee Williams. Como classifica esta peça?
T.C.R: A peça é sobre a vida de uma mulher extraordinária que por vezes até nos lembra a nossa Eunice Muñoz, uma mulher com uma vida e uma carreira especial e portanto são os dois últimos dias da vida dela tanto até à sua morte.

M.L: Como é que surgiu o interesse pela representação?
T.C.R: Muito cedo (mais ou menos). Eu fiz várias coisas. Comecei por fazer dança, a minha mãe e o meu pai estavam ligados ao teatro e eu por volta dos 19 anos resolvi candidatar-me à Escola Superior de Teatro e Cinema em Lisboa no antigo Conservatório Nacional.

M.L: Dedicou praticamente a sua vida profissional ao teatro. Gostava de ter trabalhado mais no audiovisual (Cinema e Televisão)?
T.C.R: Eu trabalhei. Eu fiz dois filmes: um com Franco Zeffirelli que esteve em Portugal há muitos anos (“A Vida do Jovem Toscanini” (1988) e fiz com o Mestre Manoel de Oliveira “Os Canibais” (1988). Depois, cinema não surgiu mais, fiz televisão: fiz bastantes séries, onde eu apareci e fiz há por volta de 4 telenovelas.

M.L: Qual foi o trabalho que a marcou tanto no teatro, no cinema e na televisão, durante o seu percurso como atriz?
T.C.R: Talvez a “Marianna Alcoforado” encenada por Carlos Avillez.

M.L: Um dos seus trabalhos mais marcantes em televisão foi a telenovela “Verão Quente” (RTP), onde interpretou a personagem Cristina Pereira. Que recordações leva desse trabalho?
T.C.R: Muito boas. Portanto, eu trabalhei nessa telenovela com um diretor brasileiro (Regis Cardoso). Foi uma experiência muito boa, onde eu fazia um papel muito positivo de uma rapariga que gostava de um rapaz que gostava de outra, portanto era traída e foi uma telenovela que me deu muito prazer em fazer. Muito prazer.

M.L: Qual foi o momento que a marcou, durante o seu percurso como atriz?
T.C.R: Não lhe posso dizer, já fiz tanta coisa e gostei de tantos trabalhos que fiz sendo pequenos como grandes que acho que a minha carreira é marcada por muitas alegrias.

M.L: Foi uma das fundadoras da companhia Persona-Teatro de Comédia, C.A.R.L. O que a levou a querer fundar a companhia?
T.C.R: O teatro Persona foi uma companhia fundada pelo Guilherme Filipe, o António Cordeiro e a primeira peça que foi feita nessa companhia foi “O Barbeiro de Sevilha”. Estava grávida do meu filho nessa altura e eles convidaram-me para fazer parte desse primeiro espetáculo e eu fui fazê-lo. Formar uma companhia é sempre uma coisa especial.

M.L: Que recordações leva do tempo em que esteve na companhia?
T.C.R: Muito boas. Estive por pouco tempo, mas que entretanto tive o meu filho e tive que abandonar, mas eles continuaram.

M.L: Como vê atualmente o teatro e a ficção nacional?
T.C.R: Acho que nós temos grandes atores e que se fazem muito boas coisas.

M.L: Gostava de ter feito uma carreira internacional?
T.C.R: Talvez gostasse, mas neste momento isso não se põe como questão.

M.L: Em 2012 celebra 40 anos de carreira desde que começou em 1972. Que balanço faz destes 40 anos?
T.C.R: Com altos e baixos. Portanto em 1972 estreei-me no Teatro Monumental com a peça “Pinóquio” ainda com o empresário Vasco Morgado e enquanto fazia os estudos fui fazendo rádio com a minha mãe e com vários diretores como o Curado Ribeiro, o Varela Silva e depois ingresso na Escola Superior de Teatro e Cinema, onde eu tiro exatamente o meu curso. É uma carreira com altos e baixos.

M.L: É mãe do ator Francisco Côrte-Real. Como vê o percurso que o seu filho fez até agora?
T.C.R: Muito bom. O Francisco começou nos “Morangos com Açúcar” (TVI), depois ele foi chamado para vários outros trabalhos, já fez dois trabalhos em teatro: um encenado por mim no Teatro da Trindade (“Temparantia-Estou de Dieta”) e outro agora no Teatro Eunice Muñoz com o encenador Celso Cleto (“Casa de Pássaros”). Eu sendo mãe é sempre difícil de sermos objetivos, mas como nasci no teatro tenho do meu filho um grande orgulho e vaidade, porque acho que tem muita qualidade como ator.

M.L: Desde 1991 que é atriz residente do Teatro Experimental de Cascais. Que balanço faz do tempo em que está na companhia?
T.C.R: Muito bom. Com trabalhos muito bons, muito bem-feitos, encenados por Carlos Avillez que é o diretor da companhia, mas é um bom percurso.

M.L: Está com quase 50 anos. Como é que se sente ao chegar a esta idade?
T.C.R: Já tenho 51, fiz este ano 51. Feliz (acho eu), não me considero uma mulher infeliz.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
T.C.R: Não faço ideia, serão os projetos do meu diretor. Entretanto, vou continuar a dar aulas na Escola de Dança Ana Mangericão, onde já dou aulas há muitos anos e também na Escola Profissional de Teatro de Cascais, portanto isto vai ser uma das coisas que eu vou voltar a fazer e com o Carlos é aquilo que ele desejar e quiser.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
T.C.R: Não sei, não tenho assim nenhum sonho em especial.

M.L: Se não fosse a Teresa Côrte-Real, qual era a atriz que gostava de ter sido?
T.C.R: A Eunice Muñoz.ML

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Brevemente...

 Entrevista com... Teresa Côrte-Real (Atriz)
                                                                                           

Mário Lisboa entrevista... Lídia Muñoz

Olá. A próxima entrevista é com a atriz Lídia Muñoz. Neta da atriz Eunice Muñoz, desde muito cedo que se interessou pela representação tendo sido formada na área da representação pela Escola Profissional de Teatro de Cascais e recentemente participou na telenovela "Mar de Paixão" (TVI) e na peça "O Comboio da Madrugada" de Tennessee Williams que contou com encenação de Carlos Avillez (que foi seu professor, durante o tempo em que esteve na Escola Profissional de Teatro de Cascais), dois projetos que contaram com a participação da sua avó. Esta entrevista foi feita no passado dia 31 de Agosto no Teatro Rivoli no Porto, dia em que a peça "O Comboio da Madrugada" estreou no Teatro Rivoli.

M.L: Como é que tem corrido a peça “O Comboio da Madrugada”?
L.M: Tem corrido muito bem. Nós estivemos em Cascais, durante 3 meses e meio. No princípio era só para ser um mês e meio, mas correu tão bem, tínhamos sempre tanto público que acabou por alargar. Foi ótimo. Nós temos um elenco fantástico, damos todos muito bem e eu acho que isso é muito importante para o trabalho correr bem. Correu muito bem, espero que corra tão bem aqui como correu em Cascais.

M.L: A peça vai passar por outros locais, depois da sua passagem no Porto?
L.M: Eu acho que não. Em princípio que eu saiba não, mas não sei.

M.L: Como é que surgiu esta peça?
L.M: Bem… eu não sei como é que surgiu. A tradução é do meu avô e ele fez de propósito para a minha avó fazer, mas foi há uns anos e entretanto eu fiz a escola do Carlos Avillez e houve uma altura em que o Carlos Avillez me disse: “Vamos fazer “O Comboio da Madrugada” e eu quero que tu faças a Blackie (Frances Black)” e eu na altura disse que sim. Eu ainda estava na escola e quando acabei a escola arrancamos com a peça. Não sei como é que surgiu esta peça.

M.L: “O Comboio da Madrugada” é encenada por Carlos Avillez com quem já trabalhou anteriormente. Como é trabalhar com ele?
L.M: Muito bom. Eu trabalhei anteriormente na escola, não tem nada a ver. Ele era meu professor, foi meu professor, durante 3 anos… É um trabalho completamente diferente, eu ainda estou a aprender… Aqui isto é real, eu tenho que fazer aquilo que ele quer na altura. É um trabalho muito mais rígido, mas tem sido ótimo.

M.L: Qual é a personagem que interpreta nesta peça?
L.M: Sou a Blackie (Frances Black), a secretária da Sr.ª Goforth. A Sr.ª Goforth dita-lhe as memórias e eu escrevo-as e portanto edito-as e trabalho-as. Esse é o meu papel principal. De resto, ela é um bocadinho a razão da Sr.ª Goforth. Ela leva muito à razão, porque a Sr.ª Goforth é uma personagem péssima, é uma mulher muito amarga e a Blackie tenta leva-la à razão, porque gosta muito dela e quer que tudo corra pelo melhor.

M.L: Como classifica a sua personagem?
L.M: Eu adoro-a. É a minha personagem. É uma mulher fria, é uma secretária daquelas… É uma mulher fria que perdeu o marido e por isso vem dar-lhe mais razões de ser uma mulher fria e vive ali no meio da montanha com a Sr.ª Goforth, vive isolada com o resto dos empregados, por isso é que a entrada deste rapaz ali é uma coisa muito nova e muito boa. Pelo menos para a Blackie acha que vai ser uma coisa boa, a chegada do Chris.

M.L: Esta é a primeira vez que contracena com a sua avó, a Eunice Muñoz. Como é contracenar com ela?
L.M: É ótimo. É muito cómodo, porque nós temos uma grande ligação uma com a outra e acho que é mais simples trabalhar com alguém com quem temos esta ligação e em quem podemos confiar. Eu posso confiar tudo nela e eu acho que ela pode confiar em mim e é muito mais fácil trabalhar assim. Claro que é o peso da responsabilidade. É a minha avó, a Eunice Muñoz e eu tenho que estar um bocadinho à altura, um bocadinho só, mas tem sido ótimo. Ela é fantástica.

M.L: Como tem sido a reação do público a esta peça?
L.M: Tem sido muito boa. Eu acho que as pessoas gostam imenso e chamam mais público, falam entre elas para vir mais pessoas. Tem sido ótima. Acho que sim, acho que tem gostado muito. Espero que sim.

M.L: A peça é um original de Tennessee Williams. Como classifica esta peça?
L.M: Eu gosto muito da peça. É uma peça que poderia ser perfeitamente de agora, acho que podia exatamente haver uma senhora numa montanha a viver agora isto. É uma peça muito atual. Eu gosto muito da peça, eu gosto muito do Tennessee Williams, por isso…

M.L: Recentemente integrou o elenco da telenovela “Mar de Paixão” (TVI) que também contou com a participação da sua avó da qual interpretou a vilã Luísa Noronha. Como correu este trabalho?
L.M: Correu muito bem. Eu adorei. Para começar, foi a primeira vez que eu fiz televisão e foi muito bom. Eu não trabalhei com a minha avó, ela estava de um lado (dos pescadores)… exatamente eu era a Luísa Noronha, era a secretária do vilão. Ela fazia ali umas coisas muito más, mas foi muito bom. Foi uma experiência ótima.

M.L: “Mar de Paixão” marcou a sua estreia na televisão. Como é que se sentiu ao entrar numa produção televisiva?
L.M: Foi muito bom. Não tem nada a ver com o teatro. Nós no teatro temos os ensaios, temos uma preparação, ali é tudo na altura. É muito mais rígido, mas é tão bom. Eu gostei muito.

M.L: Como é que surgiu o interesse pela representação?
L.M: Essa pergunta toda a gente me faz. Isso é muito difícil de responder, porque foi uma coisa tão natural. Acabei o 9º ano, cheguei à casa e disse: “Bem, eu agora não sei o que vou fazer. Vou para a escola de teatro. Acho que sim”. Eu acho que foi naturalmente, não foi uma coisa que eu tivesse pensado muito. Foi natural, eu passava muito tempo no teatro com a minha avó e sempre adorei teatro, sempre fui ao teatro desde miúda e foi uma coisa que aconteceu.

M.L: Quais são as suas grandes influências, enquanto atriz?
L.M: Não sei. São tantas. Acho que as minhas maiores influências são as pessoas, é toda a gente que passa na minha vida e que me ajuda no meu trabalho. Não sei, é difícil responder a isso.

M.L: Como vê atualmente o teatro e a ficção nacional?
L.M: Não sei. É a minha vida. A minha vida é toda passada no teatro. Eu ali vejo tudo, vejo o passado, vejo o presente… Tudo acontece no teatro como acontece na televisão, mas mais no teatro. Tudo passa por aqui.

M.L: Gostava de fazer uma carreira internacional?
L.M: Gostava, mas eu gosto muito de estar aqui. Eu gosto muito de Portugal, eu gosto muito de trabalhar aqui, gosto muito da minha língua. Não sei, se surgir mais tarde claro que sim, mas por enquanto quero estar aqui.

M.L: Houve algum momento que a tenha marcado até agora, enquanto atriz?
L.M: Este momento, este espetáculo.

M.L: Quais são os atores em Portugal com quem gostava de trabalhar no futuro?
L.M: Não sei, nunca me tinham perguntado isso. Gostava muito de trabalhar com o Albano Jerónimo, com o Marco D'Almeida (que são atores que gosto muito), com a Maria José Paschoal… Não sei, eu admiro todos os atores. Eu acho que nós somos tão bons, nós achamos que não, mas nós temos tantos atores bons e nós somos tão bons. Eu acho que sim.

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
L.M: Agora vou para o Conservatório (Escola Superior de Teatro e Cinema), vou começar o Conservatório em Outubro. Entretanto, tenho uma peça para fazer que é um projeto meu e de um amigo meu, mas pretendo avançar com esse projeto o mais depressa possível, enquanto estou a fazer o Conservatório. Fazer à noite o espetáculo.

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
L.M: Cinema, gostava muito de fazer cinema. Eu ainda não fiz.

M.L: O que é que gostava que mudasse nesta altura da sua vida?
L.M: Nada, está tudo perfeito na minha vida agora.

M.L: Se não fosse a Lídia Muñoz, qual era a atriz que gostava de ter sido?
L.M: Eu acho que ninguém, eu gosto de ser eu. Eu gosto de ser eu, gosto de aprender. Eu gosto de ser eu, não quero ser ninguém.ML

domingo, 1 de janeiro de 2012

Mário Lisboa entrevista... Rita Alagão

Olá. A próxima entrevista é com a atriz Rita Alagão. Desde muito cedo que se interessou pela representação, mas sempre contrariou esse interesse até que aos 12 anos viu a peça "A Castro" no Teatro da Comuna da qual ficou completamente fascinada e a partir daí sentiu que podia estar ali o resto da sua vida e desde aí desenvolveu um percurso como atriz (onde passou pelo teatro, pelo cinema e pela televisão da qual entrou em produções como "Desencontros" (RTP), "Filhos do Vento" (RTP), "O Olhar da Serpente" (SIC), "Queridas Feras" (TVI), "Mundo Meu" (TVI), "Morangos com Açúcar" (TVI) e "Rebelde Way" (SIC), encenadora, diretora de atores e professora para além de ser também uma das sócias da loja de decoração "Chama-me Rústico" situada em Lisboa e recentemente foi diretora de atores da série infanto-juvenil "Portal do Tempo" que é baseada na coleção literária escrita por Vera Sacramento e Sara Rodi e que vai estrear brevemente na TVI. Esta entrevista foi feita por via email em Setembro passado.

M.L: Como é que surgiu o interesse pela representação?
R.A: Sempre existiu, no entanto, sempre o contrariei. Quando vi "A Castro" no Teatro da Comuna (devia ter cerca de 12 anos) fiquei completamente fascinada e senti que podia estar ali o "resto da minha vida". A Luzia Paramés, a Ana Zanatti e a Lia Gama foram as atrizes "responsáveis” pelo meu interesse pela interpretação. Posso juntar a estas três, a Paula Mora. Queria SER, não só ver!

M.L: Durante o seu percurso como atriz fez teatro e televisão, mas pouco cinema. Gostava de trabalhar mais nesse género?
R.A: Sim, com certeza. As oportunidades ainda não surgiram.

M.L: Qual foi o trabalho num destes géneros que a marcou, durante o seu percurso como atriz?
R.A: Gosto de personagens que impliquem uma pesquisa efetiva pelas características que as distinguem das demais. Adorei fazer uma cigana, gosto de personagens com patologias e de personagens de época.

M.L: Já fez telenovelas. Este é um género televisivo que gosta muito de fazer?
R.A: Gosto muito de fazer novelas como outros géneros televisivos.

M.L: Como lida com a carga horária, quando grava uma telenovela?
R.A: Com muita organização pessoal e uma agenda cuidada do tempo disponivel.

M.L: Um dos seus trabalhos mais marcantes em televisão foi a telenovela “O Olhar da Serpente” (SIC), onde interpretou a personagem Leontina. Que recordações leva desse trabalho?
R.A: Bastante boas. Tive muita pena que o projeto não tivesse a visibilidade que (penso) merecia.

M.L: Qual foi o momento que a marcou, durante o seu percurso como atriz?
R.A: Uma cena dos "Ballet Rose" (RTP). Uma festa em Cascais, onde se juntavam mulheres e crianças. Sendo um documento vivo de um passado muito recente e verdadeiro senti-me muito incomodada e emocionada com tudo o que algumas mulheres passaram.

M.L: Como vê atualmente o teatro e a ficção nacional?
R.A: Bastante bem. Tenho muita pena que a RTP não tenha mais ficção.

M.L: Gostava de ter feito uma carreira internacional?
R.A: Sem duvida nenhuma. Hoje teria feito por isso se iniciasse. Passo a vida a dizer isso aos meus alunos. Cada vez mais vivemos num mundo sem fronteiras, os atores também se devem adaptar a essa realidade.

M.L: Além da representação também é professora e é uma das sócias da loja de decoração “Chama-me Rústico” situada em Lisboa. Como é que surgiu estas duas vertentes?
R.A: Sou Professora há mais tempo do que sou atriz. Estudei piano e dança, durante muitos anos e aos 16 anos comecei a dar aulas de piano para ir ao sábado à noite ao "Maria Bolachas" e pôr gasolina na mota. Seguiram-se as aulas de Dança, coreografias para classes de ginástica de competição, Jardins de Infância. A seguir a ter acabado o Conservatório começaram as aulas no ensino superior e mais tarde tirei o CAP para ser formadora. Os workshops de Interpretação para Televisão, de casting, a formação de atores e as aulas particulares sempre foram uma constante na minha vida. Adoro formar, sinto-me muito realizada em partilhar conhecimentos. Não existem verdades absolutas, mas acredito no esforço, no empenho, na dedicação e na seriedade das relações da aprendizagem. Criar método é fundamental.

M.L: Qual foi a personalidade da representação que a marcou, durante o seu percurso como atriz?
R.A: Tenho referências de atrizes. Marcaram-me várias. Nacionais pela evidência do que expliquei, destaco essas. Internacionais: Meryl Streep, Susan Sarandon, Sandra Bullock, Betty Davis e Judy Garland.

M.L: Fez recentemente 44 anos. Como é que se sente ao chegar a esta idade?
R.A: Muitíssimo bem. Orgulho-me de cada momento de felicidade e frustração que tenha tido. Essa sou eu. O somatório de tudo.

M.L: Que balanço faz da sua carreira?
R.A: Teatro, Televisão, Direção de Atores, Dobradora, Publicidade, Formadora, Professora do Ensino Superior. Penso que tenho as bases para ainda criar muito mais! É o que espero!

M.L: Quais são os seus próximos projetos?
R.A: Tenho dois, mas por princípio nunca falo de nada que não tenha a certeza que se vai concretizar. Em Outubro inicio os workshops para adultos e crianças de Técnicas de Interpretação para Televisão, inicio as aulas de piano, o coaching com atores e figuras publicas. Faço workshops alargados e intensivos para todo o continente e ilhas. Informações em r_alagao@sapo.pt!

M.L: Qual é a coisa que gostava de fazer e não tenha feito ainda?
R.A: Morar um ano em Barcelona. Trabalhar lá e fazer alguma formação!

M.L: Se não fosse a Rita Alagão, qual era a atriz que gostava de ter sido?
R.A: Nenhuma, gosto muito de ser quem sou.ML